Foi recentemente encerrado o cinema Gemini, ao fim de cerca de 20 anos de actividade, na sua grande maioria com programação permanente nas duas salas.
A administração da empresa invocou a falta de público como causa para o fecho das salas. Tal terá acontecido, sobretudo a partir das obras nos acessos e no largo do Gemini, que durante anos e anos ali se desenrolaram (e ainda hoje não terminaram).
O fecho do cinema põe fim à oferta de cinema em Oliveira de Azeméis. O velho Cine-Teatro Caracas cortou as fitas diárias, há anos atrás. Termina assim um longo ciclo de cinema e, porventura, a última âncora de oferta cultural em regime permanente na cidade, mas também um símbolo que durante décadas diferenciou Oliveira de Azeméis das vilas e cidades vizinhas e que proporcionou, a várias gerações, cinema em quantidade e qualidade.
É um momento triste e nostálgico. Não é trágico, porque a maioria dos cinéfilos desloca-se hoje às salas de cinema dos centros comerciais, tendo já há muito abandonado o velho e salutar hábito do cinema familiar na então vila, agora cidade. Recorrem hoje a Aveiro, ao Porto ou a outras cidades vizinhas (não passo a publicidade, para não ser mal interpretado).
O fim do cinema, para além da queda do mito (porque a utilidade já se esvaíra), representa o ponto terminal de um ciclo emocional da vida na cidade. Sobretudo para muitos das gerações que ali vimos muitos dos filmes das nossas vidas.
A inauguração dos cinemas foi também a alma do largo do Gemini (assim chamado à Praça da Cidade) e representou, à época, uma nova centralidade do que seria a nova cidade. A velha vila, desenhada pelos contornos da Avenida, o Jardim Público e o cotovelo estendido à Rua de Santo António, passou a ter um novo centro e pólo de atracção na frágil vida urbana da quasi cidade. Seguiram-se o edifício do Rainha e a circundante, o prolongamento da área desportiva a sul e, desde então, pouco ou nada aconteceu para a jovem cidade.
Lembro-me ainda da inauguração do Cinema. Com apenas uma sala, estreou-se numa 5ªfeira (se não estou em erro) o filme "Thron", em estreia nacional, filme de ficção científica, nos idos inícios de 80.
Ficam as doces memórias das tardes e noites de emoção, do escuro do cinema, das vitrinas ao intervalo. Ficam os aromas e sabores do inevitável "café de saco", os papéis estaladiços, dos rebuçados "bola de neve" e das suas pastilhas. Caramelos e chocolates minúsculos. Comi então, mas nunca mais lhes toquei. Ficam as sombras e cumplicidades, a mão-na-mão e o namoro, em momentos duplos de vida, servidos em sessões únicas e irrepetíveis.
Tudo parece agora ter sucumbido, mais do que à força e pujança da concorrência nas multi-salas do cinema servido em baldes de pipocas, mas antes ao abandono dos hábitos e ao esvaziamento do centro da cidade e extinção das suas escassas fontes de animação.
Oliveira de Azeméis teve, durante décadas, o benefício da sua centralidade, como pólo do desenvolvimento para todo o concelho. Hoje está perto de ter morrido como vila e, ainda assim, nunca ter chegado a nascer como cidade.
A administração da empresa invocou a falta de público como causa para o fecho das salas. Tal terá acontecido, sobretudo a partir das obras nos acessos e no largo do Gemini, que durante anos e anos ali se desenrolaram (e ainda hoje não terminaram).
O fecho do cinema põe fim à oferta de cinema em Oliveira de Azeméis. O velho Cine-Teatro Caracas cortou as fitas diárias, há anos atrás. Termina assim um longo ciclo de cinema e, porventura, a última âncora de oferta cultural em regime permanente na cidade, mas também um símbolo que durante décadas diferenciou Oliveira de Azeméis das vilas e cidades vizinhas e que proporcionou, a várias gerações, cinema em quantidade e qualidade.
É um momento triste e nostálgico. Não é trágico, porque a maioria dos cinéfilos desloca-se hoje às salas de cinema dos centros comerciais, tendo já há muito abandonado o velho e salutar hábito do cinema familiar na então vila, agora cidade. Recorrem hoje a Aveiro, ao Porto ou a outras cidades vizinhas (não passo a publicidade, para não ser mal interpretado).
O fim do cinema, para além da queda do mito (porque a utilidade já se esvaíra), representa o ponto terminal de um ciclo emocional da vida na cidade. Sobretudo para muitos das gerações que ali vimos muitos dos filmes das nossas vidas.
A inauguração dos cinemas foi também a alma do largo do Gemini (assim chamado à Praça da Cidade) e representou, à época, uma nova centralidade do que seria a nova cidade. A velha vila, desenhada pelos contornos da Avenida, o Jardim Público e o cotovelo estendido à Rua de Santo António, passou a ter um novo centro e pólo de atracção na frágil vida urbana da quasi cidade. Seguiram-se o edifício do Rainha e a circundante, o prolongamento da área desportiva a sul e, desde então, pouco ou nada aconteceu para a jovem cidade.
Lembro-me ainda da inauguração do Cinema. Com apenas uma sala, estreou-se numa 5ªfeira (se não estou em erro) o filme "Thron", em estreia nacional, filme de ficção científica, nos idos inícios de 80.
Ficam as doces memórias das tardes e noites de emoção, do escuro do cinema, das vitrinas ao intervalo. Ficam os aromas e sabores do inevitável "café de saco", os papéis estaladiços, dos rebuçados "bola de neve" e das suas pastilhas. Caramelos e chocolates minúsculos. Comi então, mas nunca mais lhes toquei. Ficam as sombras e cumplicidades, a mão-na-mão e o namoro, em momentos duplos de vida, servidos em sessões únicas e irrepetíveis.
Tudo parece agora ter sucumbido, mais do que à força e pujança da concorrência nas multi-salas do cinema servido em baldes de pipocas, mas antes ao abandono dos hábitos e ao esvaziamento do centro da cidade e extinção das suas escassas fontes de animação.
Oliveira de Azeméis teve, durante décadas, o benefício da sua centralidade, como pólo do desenvolvimento para todo o concelho. Hoje está perto de ter morrido como vila e, ainda assim, nunca ter chegado a nascer como cidade.
Publicado no jornal Voz de Azeméis
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