Oliveira de Azeméis é um concelho fortemente industrializado, no qual se encontram situadas algumas das indústrias que densificam o rol das mil maiores dos País. Indústria que tem a sua actividade repartida entre os sectores do calçado, metalurgia e metalomecânica (com especial relevância na industria dos moldes) o plástico, a industria agro-alimentar (com especial destaque para a industria dos lacticínios, descasque e branqueamento de arroz), a industria dos cobres e louças metálicas, os colchões e as confecções. Este é o grande motor de desenvolvimento do nosso concelho, que tem permitido que, do ponto de vista fiscal, este seja, também um dos concelhos mais bem posicionados no que toca à arrecadação de impostos directos.
Este intróito, além de ser uma realidade incontornável, serve para enquadrar o que se segue; ou seja, que nenhuma estratégia de desenvolvimento económico e de futuro para o nosso concelho é possível sem uma estratégia de apoio ao desenvolvimento da indústria e do empreendorismo empresarial. Ao poder público cabe a promoção daquilo que são as condições de aliciamento dos empreendedores a fixarem-se aqui e não noutro sítio qualquer; a promoção e qualificação daquilo que são as mais valias do nosso tecido empresarial no sentido de lhe acrescentar valor; a promoção da visibilidade e reconhecimento daqueles que são os principais produtores e produtos do nosso concelho – e isto será sempre promover e desenvolver Azeméis.
Durante os últimos anos, o poder público no nosso concelho, tem vindo a deixar os nossos empresários entregues a si próprios; entregues á sua enorme capacidade de sacrifício, ao seu amor por este pedacinho de terra e de gente, á sua enorme capacidade de contornar os mais absurdos obstáculos, eu diria mesmo, ao seu heroísmo! Isto é algo que não pode continuar. O poder público no nosso concelho tem que ser o primeiro a incentivar a criação de riqueza e por isso mesmo tem que tomar medidas sérias e enérgicas com vista, por um lado, à promoção do tecido industrial já existente e por outro lado, à atracção de novos investidores industriais para o nosso concelho. Para isto, imprescindível se torna criar verdadeiras zonas industriais, tirando-as do papel e tornando-as uma realidade. Importante se torna, qualificar as que, ao longo dos anos, foram surgindo e que hoje são, simplesmente, espaços de ocupação industrial - sem nunca terem sido verdadeiramente zonas industriais.
As zonas industriais só existem se tiverem infra-estruturas próprias para esse fim, como sejam rede de água e saneamento, sendo que este tem que prever o tratamento de resíduos líquidos específicos de algum tipo de indústrias, recolha e tratamento de resíduos sólidos (que em muitos casos implica resíduos tóxicos altamente poluentes), infra-estruturas de abastecimento de energia que sirvam as necessidades de um consumo tão particular, rede viária e condições de escoamento de tráfego, (maioritariamente de pesados), condições de acessibilidade que privilegiem rápidas e fáceis entradas e saídas de mercadorias num mercado cada vez mais global e, sobretudo, custos dos terrenos que não afugentem os potenciais investidores.
É certo que, para criar verdadeiras zonas industriais, são necessários meios financeiros de algum relevo; tal como é certo que, os meios do município são estrutural e sobretudo, conjunturalmente, escassos; todavia, relembro a este propósito algo de muito importante e que aqui já referi a outros propósitos - o custo da oportunidade política. Isto para dizer que já lá vai o tempo em que, noutros quadros comunitários de apoio que não o actual, existiam fundos próprios para este tipo de estruturas e que o poder autárquico no nosso concelho não soube aproveitar. Estamos hoje confrontados com a adiada necessidade de ter que fazer, com dinheiros próprios, aquilo que não fomos capazes de fazer, com dinheiros europeus!
Durante anos, faltou a este concelho visão política, tal como faltou uma estratégia de desenvolvimento sustentado. Não podemos continuar a resignar-nos e a assistir, impávidos e serenos, ao desenvolvimento que, por nós vai passando, mas ao lado. Temos que enfrentar este problema e envolver, hoje, na solução que há muito tarda, vários parceiros – os empresários, as associações empresariais, os proprietários, os promotores imobiliários e a Câmara Municipal, mas sempre dinamizados por esta que terá que ser o grande “farol” de orientação, tanto mais que a estratégia de desenvolvimento deste concelho tem que ser desenhada por quem preside aos seus destinos.
É tempo, mais que tempo, de retribuir ao nosso tecido empresarial tudo aquilo que ele nos tem permitido alcançar.