1. Alguns ‘comentários’ – assim mesmo, entre aspas - colocados neste Fórum e por ‘anónimos’ são paradigmáticos do défice de cidadania e de cultura democrática que, infelizmente, existe e, quiçá, com tendência a agravar se nada for feito.
2.Como é facilmente reconhecível, quem tem colocado certo tipo de ‘comentários’ está algures no concelho de Oliveira de Azeméis (e não nos antípodas).
3. Mesmo num espaço de opinião em sistema aberto como um blogue seria (será) salutar a emissão de opinião, a expressão crítica. O que não é entendível, em termos cívicos é o insulto ofensivo, oco, gratuito.
4. Apesar do que é publicado neste blogue estar acessível não tem qualquer dever de estar aberto a todo e qualquer género de ‘comentários’. Julgo que a moderação deste blogue pode e deve actuar de forma mais incisiva e com toda a legitimidade. Mas, até certo ponto, não o tendo feito até agora, permite ilustrar – conforme muitos ‘comentários’ que com regularidade e a (des)propósito de todo e qualquer nota aqui publicada - a ‘massa’ de que é feita alguma ‘militância’ e (in)capacidade de debate democrático de uns quantos que, obviamente, não se devem confundir com todos quantos ( e são muitos com certeza) querem o bem de Oliveira de Azeméis (e não só), apesar de ‘convidados’ a mudarem-se…
5. Mas o que ressalta é que certos ‘anónimos’ (e seus ’comentários’) serão o produto do restrito e limitado meio em que gravitam. Porventura, serão ‘soldados’ de ‘generais’ que precisam de tropas ignorantes, cegas na obediência, esperando em troca uma qualquer benesse pessoal. Ufanos de uma qualquer asneirola esparramada, voltam-se, então, para o patrono à espera da recompensa, do rebuçado, da guloseima.
6. Por mim, esta realidade gravitante não é de esquerda ou de direita, social democrata, socialista ou liberal. É, isso sim, o resultado de quem coloca os seus particulares interesses em primeiríssimo lugar, ainda que a coberto de uma qualquer estrutura dita organizada (como um partido político, por exemplo) e arregimenta em seu torno os seus peões despidos de pensamento crítico próprio.
7. As expressões práticas de uma certa forma de estar em sociedade é reveladora da preocupação que gera. Algumas destas ‘câmaras de eco’ de outras vozes são candidatas a serem dirigentes amanhã. Ainda bem que, apesar de tudo, vivemos em regime democrático. Imagine-se o que este género de indivíduos não faria se vivêssemos em regime totalitário (que não desdenhariam, já se vê) como o substituído em 25 de Abril de 1974 em Portugal e como em alguns outros que ainda existem em diferentes pontos do globo.
8. Valores universais da humanidade como ética, civismo, respeito pela diferença, não fazem parte do bornal de quem, aleivosamente, apenas insulta de forma torpe e gratuita.
9. Será que é culpa própria a prática reiterada de comportamento anti-cidadania? Parece-me que não. É, antes, a resultante do primado do ‘eu’ sobre o ‘nós’, do maquievelismo tendente a perpetuar o poder em que se olha e salva o próprio umbigo acima de todas as coisas.
10. Naturalmente que é preocupante existirem cada vez mais evidentes sinais de défice de formação cívica, do que é a democracia e a sua vivência. É preocupante perceber que existe quem não entenda que, caso Portugal não vivesse em democracia desde há 34 anos e não fizesse parte da União Europeia, não teríamos, apesar de tudo, as condições económico-sociais que temos. Apesar dos erros (que os houve), apesar dos (impunes) aproveitamentos.
11. Recentes tomadas de posição pública por personalidades de referência e de vários quadrantes da sociedade portuguesa como, por exemplo o sr. Presidente da República, são sinal evidente que é necessária uma reflexão e reformulação do sistema político e das suas estruturas organizativas e que passará, necessariamente, pelo afastar de ervas daninhas que para sobreviverem precisam de contaminar e absorver plantas sãs.
Passem bem e…good luck
Renovo como sempre, os meus parabens pelo conteudo do teu texto.
ResponderEliminarPoderá ser que um dia possamos falar com a mesma frontalidade com que falavamos no período mais belo das nossas vidas entre o 25 de Abril e o dia 1 de Maio de 1974.
Hoje, não Carlos!
Nunca sabemos com quem falamos,com quem convivemos com quem por vezes partilhavamos uma amizade pura,sincera e completamente desinteressada!
O Mundo de hoje, (o dos nossos filhos) aquem preparavamos um futuro risonho e com trabalho lutam nas caixas se um qualquer supermercado para conseguirem sobreviver sem a nossa ajuda!
Será para isto que lutamos, uns de uma maneira outros de outra para que Abril nascesse?
A nossa juventude irreverente imperava com respeito por TODOS, um simples olhar bastava para podermos ter uma conversa franca, amiga, desinteressada e sem rancores, porquê?
Um abraço amigo!
M.
"Recentes tomadas de posição pública por personalidades de referência e de vários quadrantes da sociedade portuguesa como, por exemplo o sr. Presidente da República, são sinal evidente que é necessária uma reflexão e reformulação do sistema político e das suas estruturas organizativas e que passará, necessariamente, pelo afastar de ervas daninhas que para sobreviverem precisam de contaminar e absorver plantas sãs."
ResponderEliminarSó concordo com esta observação e mesmo assim devo dizer que mera "posições públicas do Presidente da República" são minudências irrelevantes e retórica inconsequênte, como todas aquelas feitas pelos representantes máximos eleitos pela República nos últimos anos.
Esta III Répública está podre. Falar de "liberdade" é outra retórica oca porque o Estado que deve garantir as liberdades individuais está - de facto - a atentar contra elas ao cobrar impostos para alimentar uma classe de parasitas inimputáveis.
Para mim, a "liberdade para escrever em blogues", e como anónimo (porque será?) serve de muito pouco de consolo. Ainda para mais quando as pretensas "elites" são intocáveis. Porque sufragadas, imaginem!
Já agora, fariam melhor aqueles que se deixam cegar pela propaganda abrileira, pseudo-libertadora e estupidificada pelas monomanias falsas de Rosseau de Marx e outros mentirosos, e que questionassem os fundamentos e as estruturas que devem primeiro suportar um estado mínimamente são e daí a própria e verdadeira liberdade.
E mais: não nos tomem por ignorantes simplórios. Isso fará de vós ingénuos ainda maiores.
E depois, como as coisas estão, sabe-se lá o que nos pode cair na sopa.
Um dos "anónimos", dos que querem liberdade e democracia a sério e que conhecem bem o "sistema".
Sr carlos cunha: o forum permite comentarios anonimos. ja defndi varias vezes o comentario de usuarios registados.
ResponderEliminarPortanto, como nao foi aceite esta sugestao, não culpe os anonimos, mas quem permite que eles existam.
Quem permite que os anónimos existam é o 25 de Abril de 1974, e ainda bem que assim é!
ResponderEliminarSó que como em tudo, não se pode agradar a todos, e o problema é para muitos, não saberem quando acaba a liberdade deles e começa a dos outros!
O problema não está nos anómimos, mas sim em alguns que continuam a usar a liberdade para
ResponderEliminarrecorrer ao insulto. Isto também faz parte da democracia, e os actos
como as palavras ficam sempre com quem os pratica!!!