Azeméis Sexy

A recente "guerra dos cartazes" de Natal entre os concelhos de Oliveira de Azeméis e São João da Madeira (SJM), aqui divulgada, trata-se de um lamentável episódio em que, mais uma vez, vamos perder o essencial para defender o acessório.

Todos conhecemos as investidas sanjoanenses, frequentemente hostis, sobre o município oliveirense. Desde rotundas a OPA's sobre freguesias, já tivemos de tudo. Sobre as mesmas, há que realçar, tem havido a elegância e a sobriedade de lhes dar o devido valor - pouco ou nenhum.

Mas, meus amigos, neste caso não se compreende o mal-estar. Porque o incómodo não é com o cartaz. O que perturba a nossa Câmra Municipal (CM) e muitos de nós é, mais uma vez, ficarmos impotentes perante a dinâmica de SJM e, neste caso, dos seus empreendedores. É isso que custa a muito boa gente.

E não vamos agora alinhar em bairrismos bacocos e parolices pouco consentâneas com a tradição e o nosso pedigree de gente que já foi orgulhosa e capaz consigo mesma. Deixemo-nos de tretas.

Oliveira de Azeméis foi perdendo, ao longo dos anos, o seu "sex appeal". Não é atraente, tem menos charme, não é convidativa para estar e comprar. Já o foi. Hoje, é uma cidade pálida e pouco animada. Quase desinteressante. Este é que é o problema.

E isto não acontece por acaso. Já todos percebemos como é que o nosso comércio local tem sido tratado: mal, muito mal. Ao longo de anos e anos, pouco ou nada foi feito para animar a cidade e promover o comércio. Tirando o trabalho que os próprios comerciantes, em sua defesa, ainda vão fazendo. Uma cidade estrutura-se no seu urbanismo, na rede de transportes e, sobretudo, na sua malha comercial. Fazem-se PDM's e planos de promenor, mas em quais deles se enquadram as medidas para a promoção e valorização do comércio? Quais são as políticas públicas para requalificar essa malha?

Nada. Pelo contrário, 7 anos de obras (!) de pedonização, arruinaram e fizeram perder hábitos aos compradores da "antiga vila", que ainda faziam compras na hoje cidade. A CM não conseguiu inverter esta situação, de perda de influência e de potenciar atracção comercial. Tem uma relação difícil e inconsequente com os comerciantes. Há anos atrás, foi com o mercado. Foi a vergonha que foi e que hipotecou o crescimento do nosso mercado. Amanhã, o que será?

O que deviamos estar a pensar (para além da patetice de mandar retirar um cartaz que a própria CM autorizou préviamente) era na estratégia para promover o nosso comércio. Pergunto: temos cartazes a convidar os nossos concidadãos para o nosso próprio comércio? Temos a ambição de os ir colocar também em SJM ou em Ovar?

Não sabemos. E este é que é o problema. Nunca sabemos. Porque não há pensamento nem estratégia sobre coisa nenhuma. E como não há, continuaremos a ver os outros crescer e, para nós, restar-nos-á promover gestos toscos e pouco eficazes, de afirmação de serôdia masculinidade, por impotência e esterilidade da nossa pópria estratégia. E assim vamos...