À laia de intróito, embora sendo verdades de La Palisse, todos teremos presente que, por definição, os recursos são sempre escassos e que consumir hoje, quando se não dispõe dos aadequados recursos, é comprometer receitas futuras.
Tem existido algum bruá, algum ruído, acerca de um empréstimo bancário de 16 milhões de euros, a 12 anos, que a CMOA irá contrair tendo em vista a consolidação ou reestruturação de uma fatia significativa da dívida, neste caso concreto a fornecedores.
A meu ver, a solução adoptada (ou a adoptar) é uma aspirina, de efeito analgésico mais ou menos temporário, constituindo a quase –senão mesmo única – saída para diferir ao longo de uma década o que descarrilou no passado, sobretudo de 2004 para 2005
Veja-se a evolução da dívida global nos últimos anos:
Ou seja, até 2004 o endividamento correspondia, grosso modo, à mesma ordem de grandeza do volume de receita arrecadada em cada ano (à volta de 28 a 30 milhões de euros). De 2004 para 2005, o endividamento cresceu 78 % e o valor absoluto da dívida passou a representar 1,9 vezes (em 2005) e quase 2 vezes (em 2006) o encaixe anual das receitas de cada um dos referidos anos.
Atente-se ainda num outro indicador: qual o peso dos custos de estrutura (Custos com o pessoal, fornecimentos e serviços correntes, sobretudo) com exclusão de amortizações (por não constituírem um fluxo de caixa) vs. Receitas ? O peso dos custos de estrutura vs receitas andará na ordem dos 75% (ver imagem informativa a seguir)
Atente-se ainda num outro indicador: qual o peso dos custos de estrutura (Custos com o pessoal, fornecimentos e serviços correntes, sobretudo) com exclusão de amortizações (por não constituírem um fluxo de caixa) vs. Receitas ? O peso dos custos de estrutura vs receitas andará na ordem dos 75% (ver imagem informativa a seguir)
Ou seja: em cada ano a parte das receitas que sobra para novo investimento e amortizações de dívidas rondará os 25%.
Dir-se-á: que importa o montante da dívida se ‘há obra feita’ ? Claro que se há dívida é porque se gastou acima das posses em mil e uma coisas. Uma fundamentais, outras questionáveis quanto à oportunidade e prioridade. Naturalmente e óbvio. Mas dizer-se somente que ‘há obra feita’ é que é muito curto, muito redutor.
Embora caiba aos decisores políticos definir prioridades, eleger os calendários de execuções (muitas vezes de acordo com os ciclos eleitorais) não é líquido nem é evidente que as opções tomadas sejam as que satisfaçam muitas das necessidades básicas ou prioritárias dos munícipes, missão fundamental de uma autarquia.
Seria interessante aferir, por exemplo, qual o peso do investimento em saneamento e abastecimento de água efectuado nos últimos 2 anos. Não terá sido pouco mais de 1 milhão de euros ? Menos de 2% do endividamento total actual ?
E se chamo aqui à colação o saneamento e o abastecimento de água é porque são das necessidades mais básicas e mais prementes para a qualidade de vida e de bem estar das populações. E neste capítulo, pelo que foi publicitado, o concelho ocupa um dos lugares menores da classificação dos municípios portugueses. Sabe-se que o esforço financeiro de investimento exigido naquelas áreas é muito elevado. E surge a dúvida: como e quando se agarra este problema de frente ? Mais a mais que no passado já houve melhores oportunidades de co-financiamento.
E desde há quantos anos se vai ouvindo falar de novas zonas industriais ? Entretanto constata-se que já são muitas as empresas que se vão deslocando para outros municípios (com os reflexos negativos de vária ordem que tal induz, com a diminuição da riqueza produzida no concelho e menor receita arrecadada) não falando na inexistência de capacidade atractiva para instalação de novas empresas.
Voltando ao início: não é o tão discutido empréstimo bancário que vai hipotecar o futuro. De há muito que foi hipotecado. A margem ou folga para investimento é cada vez mais estreita.
Em termos de projecção, com dados actuais, o valor médio anual passível de ser utilizado em investimento rondará os 4 a 5 milhões de euros (metade do estimado como realização em 2007) ou, dito de outra maneira, considerando a manutenção dos actuais custos de estrutura, a folga, face à receita anual projectada, diminui de cerca de 25% para cerca de 16%.
É óbvio que o lençol começou a ficar muito curto.
Ao contrário de outras realidades (também muito duras e que a todos nos toca), não se pode argumentar com responsabilidades por ‘heranças recebidas’.
Assim sim!
ResponderEliminarAté que enfim uma sucessão de magníficas contribuições que muito contribuem para a credibilidade deste blogue.
É ESTE O CAMINHO!
Não se distraiam com minudências: mereçam a confiança das pessoas que elas dar-vos-ão o seu contributo.
Respeitosamente,
Tono
Amigo Carlos Cunha os meus parabéns pelo texto, isto é o que se chama tratar de coisas sérias e, como é evidente, o blogue só sai a ganhar. Aproveito para deixar aqui o meu lamento quanto à situação do saneamento e abastecimento de água que é uma verdadeira vergonha, mas como todos nós sabemos é obra que fica enterrada e, por isso mesmo, não dá muito jeito para inaugurações!!! Um grande abraço. Zé
ResponderEliminarDesde já os meus parabéns ao autor deste post. Continue.
ResponderEliminarA CMOA ainda tem folego para mais um empréstimo.pensei que era desta que desistiam e enterravam a cabeça na areia...
Se vão contrair um empréstimo tão avultado como refere neste post, achava por bem que se procedesse a uma tão necessária reformulação não só a nível de funcionários, como também a nível de património.
Já ouvi algumas vezes, o senhor presidente da câmara, com orgulho, afirmar que esta é pioneira na implementação de sistemas de qualidade (alguns para inglês ver, veja-se como dão seguimento às nossas reclamações! Estamos anos à espera de resposta, isto quando ela é dada).
Acho que deveria finalmente preocupar-se com a produtividade, que esse é sim, o cerne do verdadeiro sistema de qualidade.
Ah! grande Carlos!
ResponderEliminarPelo excelente texto (és mestre nestas coisas) os meus sinceros parabens.
M
“Amigo” Carlos. És democrata? Este executivo foi eleito e reeleito várias vezes, mudando pequenas peças ao longo dos anos. Sabes o que isso? Democracia, meu caro….
ResponderEliminarZé
Não tou a ver como é que um saneamento financeiro desse valor irá resolver o problema da cãmara, se alguns tempos atrás se falava no jornal numa divida de 50 milhões.
ResponderEliminarComo municipe muito me espanta, deve ser algum engenheiro em contabilidade, daqueles tipo tacho, e que se calhar ainda contribuiram para o buraco, e agora continuam a fazer m....
Ze Mul
Meus caros é uma vergolha um hospital que iria perder urgência básica não só fica com a mesma como ROUBA Ginecologia ao nosso Hospital...
ResponderEliminarEste Goberno, os seus Deputados que o alicerçam entre eles a Drª. Helena Terra não deveriam ser autorizados a vir a Oliveira de Azeméis...
É inadmissivel ter esta senhora como deputada que representa os interesses do nosso concelho, ainda quer ser Presidente da Câmara, retrate-se senhora!
Hospital São João da Madeira perde urgência médico-cirúrgica mas mantém urgência básica!
Desde o dia 1 de Outubro, o serviço de Urgência do Hospital Distrital de S. João da Madeira (HDSJM) já não tem as valências médico-cirúrgicas de Ortopedia e Cirurgia Geral, mas mantém-se em funcionamento a urgência básica, aberta 24 horas por dia. Os doentes que necessitem de cirurgia urgente são assim transferidos para o Hospital S. Sebastião, enquanto os restantes continuam a ser atendidos em S. João da Madeira. O presidente da autarquia refere, no entanto, que o futuro da Urgência ainda está em negociação com o Ministério da Saúde.
Ginecologia já
em S. João da Madeira
A par das alterações verificadas ao nível do serviço de Urgência, também no dia 1 de Outubro, o HDSJM passou a integrar as especialidades de Ginecologia do Hospital de Oliveira de Azeméis, com base num protocolo estabelecido com esta unidade hospitalar.
S. João da Madeira recebe assim a área cirúrgica, consulta externa, exames de diagnóstico e terapêutica de Ginecologia, sendo que o Hospital de S. Miguel (Oliveira de Azeméis) manterá, contudo, consulta externa da especialidade.
No seu comunicado, a ARSN diz que, com a integração da Ginecologia, “a população do concelho de S. João da Madeira terá uma melhoria significativa na acessibilidade a esta importante especialidade e o Hospital terá uma oferta de serviços mais alargada e com repercussão para as utentes que o procuram”.
...isto é GOZAR na nossa cara!
ABAIXO A DEPUTADA H.Terra, ABAIXO OS TACHOS...
Caro Dr Carlos Cunha,
ResponderEliminarDe facto, contra factos, não há argumentos e não vale a pena "tapar o sol com uma peneira"...
Desde há muito (início do mandato anterior) que o PS vem alertando para este facto que o PSD "escondeu" nas últimas eleições.
É certo que este partido "recebeu" uma vez mais uma maioria, tendo cabido ao PS a oposição (mais reforçada), pelo que compete-lhe conquistar a confiança dos Oliveirenses, apresentar alternativas credíveis e aguardar que a gestão eleitoralista seja penalizada pelo voto.
Porém, pela vitimização a que temos assistido e pelas "desculpas" permanentes do PSD, há ainda muito trabalho político pela frente...
Ao anónimo das 11.44 quero dar os meus sinceros parabéns pelo texto enviado, é que já não me ria desta maneira há muito tempo com tanta asneira. Só espero que continue pois tem muito jeito para a parvoíce e com isso sempre nos mantem bem dispostos. OBRIGADO!!!
ResponderEliminar