A União

Aceitei integrar a lista (única) aos órgãos dirigentes da União Desportiva Oliveirense, como Presidente da Assembleia Geral, para o mandato que agora se inicia. Quero cumprir a promessa, aqui feita no nosso blog, de que me iria referir a esta situação. Não que o tenha de fazer, mas porque prometi e não quero mal-entendidos.

As razões são simples. A situação directiva da UDO era a conhecida, com o epílogo de entrega das chaves do Clube na Câmara Municipal. Depois de várias assembleias, não apareceram candidaturas e arrastavam-se desentendimentos entre as potenciais soluções. O que era num dia deixou de o ser no dia seguinte. De repente, todos desapareceram.

Fui atleta da UDO na minha juventude. Suei a camisola e esfarrapei o corpo pelo Clube. Não sinto apenas o clube do alto do camarote ou dos palpites nas esquinas da cidade. Sigo com regularidade a vida e as actividades do clube, não me tendo envolvido nele em todo este tempo. Nesta matéria, estou descomprometido com desavenças, birras e zangas. A ausência de memória também é um bom primeiro passo para construir a história.

A situação do clube nestes últimos tempos tornou-se insuportável, também para mim. A decisão de aceitar foi um passo para contribuir para criar uma nova esperança no Clube. Foi o cumprimento de um dever.

É também um sinal de grande respeito por todos aqueles que mais recentemente trabalharam em prol do Clube. Esse esforço não pode cair na rua.

Quem me conhece sabe que nunca permitiria que um dos símbolos mais afirmativos da vida da nossa terra e da nossa gente, com mais de 80 anos de vida, história e estórias, alegrias e tristezas, de sofrimento e dor, de júbilo e conquistas, fosse tudo agora reduzido ao depósito das chaves do Clube entregues por mão amiga na praça do município.

Não sou cavaleiro andante. Crio amigos mas não invento inimigos. Não procuro lugares nem persigo cargos. Estou farto de politiquices e não faço fretes a ninguém. Mas quem me conhece sabe que sou pessoa capaz de fazer compromissos. Que não divido o mundo entre lobos e cordeiros, pastores e carneiros e que dou o que posso de mim pelo bem de quem todos queremos ser.

É uma fatalidade para alguns, mas é assim que sou. Ninguém é generoso se não for também um pouco ingénuo. E nestas coisas da generosidade, nada se proclama nem propala: pratica-se.

A situação da UDO é suficientemente difícil para que alguém se possa rir. É das mais insustentáveis da história do Clube. Quem nos dera que o clube não precisasse hoje deste desepero e da generosidade das pessoas que decidiram pegar nos seus destinos. Desejo a todos muita sorte. E a loja dos milagres estará certamente fechada.

Mas é agora que todos os de boa-vontade serão precisos. E não quando as vacas andam gordas e vistosas. Cá estamos para ver.

Que ninguém brejeiramente tire daqui outras conclusões nem faça outras leituras. O meu compromisso é com os sócios e os oliveirenses. E a minha cumplicidade é com o meu Clube: a União.

Viva a União Desportiva Oliveirense!