quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Pão de Ul vai ser património cultural

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A Câmara de Oliveira de Azeméis vai apresentar uma proposta para a classificação do pão de Ul como património cultural do município.

O anúncio público da decisão foi proferido durante a escritura de constituição da Associação de Produtores do Pão de Ul (APPUL), cujo objectivo é apoiar os associados ao nível da produção, comercialização, formação, promoção e manutenção da qualidade do produto regional.

Aí está uma medida que se aplaude e que deve ser entendida como um sinal de que a preservação do nosso património histórico deve ser preservado, apoiado e promovido e, se possível, integrado no Parque Molinológico de Ul/Travanca, podendo funcionar como uma alavanca do turismo local,  por forma a que este não se resuma ao Parque de La Salette.

sábado, fevereiro 23, 2008

O senhor Abílio da Câmara

Ainda soam os ecos da nova Biblioteca Ferreira de Castro e uma lembrança ocorre-me: a da importância que a Biblioteca Gulbenkian e o senhor seu responsável teve na minha inicial formação cultural.
Já se passaram mais de quarenta anos do dia que franqueei pela primeira vez a porta da Biblioteca Gulbenkian que existiu no gaveto da Rua Ernesto Pinto Basto com a Rua que segue para a Abelheira, ali bem perto dos Bombeiros Voluntários e da Igreja Matriz.
Um corredor de acesso, um silêncio sepulcral e, maravilha das maravilhas, livros, muitos livros. Um senhor, sentado qual professor à secretária, registou os meus dados pessoais numa ficha. De onde era, de quem era. O senhor enunciou as regras. Quantos livros poderia requisitar, qual o tempo máximo do empréstimo e por aí fora.
Burocracia cumprida, eis-me a olhar, deslumbrado, para tantos livros, muito alinhados quais soldados em formação guerreira. Sôfrego, apontei o olhar de estante em estante, de prateleira em prateleira. Que livro escolher ? Este, de lombada castanha, espesso, com um papel sedoso ? Ou aqueloutro, não tão volumoso, sem tantas palavras mas com gravuras, imagens ?
E havia o silêncio, sempre o silêncio, como se ninguém mais ali estivesse. O silêncio em respeito pelos livros e por respeito aqueles que sabiamente os tinham escrito. Sim, porque só pessoas muito inteligentes é que eram capazes de escrever tantas palavras, tantas frases. Mundo novo para mim. O silencia dos lugares sagrados.
O senhor que me recebeu, que escrevinhou os meus singelos dados numa ficha de cartão, abeirou-se de mim. Se eu precisava de ajuda, questionou-me. Respondi que sim. De um jeito muito carinhoso passeou-me ao longo das estantes. Foi-me explicando como estavam arrumados os livros, quais os temas. Até que me fez deter na última estante, dizendo-me: para ti, para a tua idade, são estes os livros que podes escolher. Hábil, fez-me uma breve inquirição. Prosseguiu: talvez te aconselhe este, aquele ou mesmo aqueloutro. Segui o conselho. Procedi à minha primeira requisição. Confesso que não me recordo do nome do livro mas não é assim tão importante.
Dia seguinte, pelas seis da tarde, hora a que a Biblioteca abria, ali estava eu. Para devolver o livro. O senhor, revelando alguma admiração pela minha presença apenas um dia volvido, simpaticamente perguntou-me se não tinha gostado, sim, não era habitual um leitor voltar no dia seguinte. Que já tinha lido o livro, que queria requisitar outro. Porque não ? E lá fui até à prateleira do fundo, ao meu novo mundo encantado e de descoberta.
O senhor da Biblioteca passou a autorizar que em vez de um pudesse eu passar a levar dois. De quando em vez, o senhor sugeria-me este ou aquele livro, simpaticamente negava-me (é o termo) um outro que já tinha em mãos.
Então o senhor dos livros não tem nome ?.
Ah, claro.
O senhor da Biblioteca, naturalmente, tem nome: Abílio Santos. Sim, o sr. Abílio da Câmara.
O sr. Abílio Santos, tinha o seu ofício (de responsabilidade acrescida como Tesoureiro de contas certas) e ao final do dia, noite adentro, tinha a seu cargo a Biblioteca Fixa nº 62 (?) da Gulbenkian (que substituiu a Biblioteca Itinerante, uma carrinha Citroen que de xis em xis dias vinha até Azeméis).
Para além das entradas e saídas em escudos, o sr. Abílio também era entendido em livros, em escritores. Dava um conselho a quém o pedisse, uma orientação. Gostava de ter as opiniões dos leitores aquando da entrega do livro.
(…)
Anos mais tarde, tendo eu por comparsa e companheiro um dos seus filhos , o Zé Santos, beneficiei da sua bondade e ali pudemos estudar muitas tardes , eu e o Zé, antes da abertura da Biblioteca aos utentes.
Mais tarde percebi que aquela permissão era uma (pequena) transgressão às regras. Mas uma transgressão proveitosa para mim pois ali, naquele pequeno mundo silencioso, tinha, por exemplo, algo que não tinha na minha modesta casa: uma mesa e boa luz. Ah! E claro, livros muitos livros.

Bem haja, sr. Abílio.

quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Notícia Agência Lusa

A Câmara de Oliveira de Azeméis manifestou-se hoje "expectante" em relação ao resultado do recurso que interpôs após a recusa do Tribunal de Contas (TC) do pedido de empréstimo em finais de 2007.

"Estamos inquietos por uma decisão. Temos 200 fornecedores com expectativas criadas e com quem queremos cumprir", afirmou à Lusa António Rosa, vereador responsável pelas Finanças da autarquia.

O autarca acrescentou que o executivo municipal aguarda "ansiosamente" pelo resultado do recurso, apresentado ao TC em 03 de Janeiro.

O TC recusou o visto a um empréstimo de 16 milhões de euros da Câmara de Oliveira de Azeméis junto da Caixa Geral de Depósitos, para saneamento financeiro e consolidação de dívidas a terceiros.

Segundo o acórdão, o Tribunal de Contas considerou que a autarquia de Oliveira de Azeméis atravessava uma "situação de desequilíbrio financeiro estrutural", e não conjuntural, como alegado, verificando que, "no longo prazo, se mantém a incapacidade de solver compromissos".

A Câmara de Oliveira Azeméis foi o primeiro caso de uma autarquia que viu recusado o visto do TC a um empréstimo para saneamento financeiro ao abrigo da nova Lei das Finanças Locais.

Dois anos = 2%

Uma análise aos dados publicados pelo Instituto Nacional de Estatística permite concluir que o ritmo de crescimento da taxa de cobertura da rede de saneamento, no nosso concelho, é de sensivelmente 1% ao ano.
Ou seja, se em 2004 a referida taxa de cobertura era de 42,5%, em 2006, a mesma situa-se nos 45%, em que apenas 22% da população se encontra servida por estações de tratamento de águas residuais.
Ou seja, se se mantiver este ritmo, precisamos de mais quatro décadas para atingir os níveis de cobertura dignos de um concelho de um país desenvolvido.
Para nosso bem, que assim não seja e que possamos usufruir deste bem essencial no curto espaço de tempo.


domingo, fevereiro 17, 2008

Debate: “A influência dos media na sociedade”

A convite do Dr. Djalma Marques (professor na ES Soares Basto), assisti, na passada sexta-feira a um debate no Centro de Educação Integral (em S.J.Madeira) com o tema ‘A influência dos media na sociedade’, iniciativa inserida na área de Projecto daquele estabelecimento de ensino que aquele docente coordena.
O painel do debate foi composto por António Lobo Xavier (advogado, político e comentador da SIC), Júlio Magalhães (jornalista da TVI), Borges Martins (Juiz Desembargador) e Aníbal Araújo (jornalista e director de ‘a Voz de Azeméis’). Outro convidado anunciado era Hermínio Loureiro, na qualidade de Presidente da Liga Portuguesa de Futebol, que acabou por não poder estar presente, tendo enviado uma saudação.
A partir das questões colocadas por um painel de alunos, os convidados foram respondendo de forma muito objectiva, sem peias, de uma forma tão aberta que, confesso, me deixou admirado (pela positiva, diga-se) num tempo em que se cultiva (e incentiva) mais o sound byte, a frase sonora mas ôca.
Dois ou três tópicos ali desenvolvidos, diria mesmo, descodificados, são um ponto de partida para uma reflexão crítica de cada um de nós enquanto cidadão e enquanto consumidor de informação.
Um dos aspectos debatidos e que me levou a aprofundar a reflexão foi, por exemplo, o elevado interesse dos políticos nos meios de comunicação, que passa pela cumplicidade, pela permuta de ‘dás-me dicas para as notícias e apareces nas fotos do jornal, nos jornais televisivos…’ . Até porque o político que pretenda carreira, que dependa da política precisa muito, mas mesmo muito, da visibilidade (que não o conteúdo) que os media propiciam. Por outro lado, à comunicação (sobretudo à TV) não interessa dar palco ou mediatização a qualquer político. Interessa aquele que num minuto lança uma atoarda, que fale sem gaguejar, sem compassos de espera, mesmo que o conteúdo seja nulo ou quase.
Não tendo propriamente ficado surpreso com o ali dito, com todas as letras, não podia ficar indiferente; não foi difícil estabelecer algum paralelismo, para não dizer encontrar ‘provas de facto’ com situações de todos os dias e de todas as horas nos media, seja em Lisboa, em Faro, no Porto ou até mesmo… em Oliveira de Azeméis.
De facto, a comunicação de massas tem muito poder e até, como um publicitário, disse um dia, e socorro-me da minha memória: uma TV pode ser tão decisiva a ‘fabricar’ um Presidente ou Primeiro-Ministro como quem vende sabonetes.

Referência na Blogosfera

Daniel Oliveira, colunista do jornal Expresso e que integra o painel do programa da SIC - Eixo do Mal, tem no seu blogue, uma selecção de blogues do distrito de Aveiro, no qual se inclui o Fórum-Azeméis.

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Almocreve ou Azemel

                      

Os almocreves ou azemeis, do árabe "az-zammal" (o que impele), e que significa condutor de azémolas (besta de carga), eram pessoas que conduziam animais de carga e/ou mercadorias de uma terra para outra.

Numa época de comunicações limitadas, os almocreves eram essenciais como agentes de comunicação inter-comunitária (além de serem indispensáveis ao abastecimento de bens às vilas e cidades). De entre as rotas de abastecimento mais importantes, destaque para as que levavam os almocreves a transportar peixe para o interior e, no sentido inverso, cereais. Não confundir almocreves com mercadores, pois que na maior parte das vezes os bens que transportavam não eram propriedade sua, embora fosse comum um almocreve ser também mercador.

Este traje, dos finais do século XVIII e princípios do século XIX, apresenta calções verdes com os folhos das ceroulas à vista. Botas de meio cano com espera no pé direito. Cinta violácea. Jaleco castanho, colete, camisa de linho com folhos. Chapéu minderico com borla na aba. Lenço debaixo do chapéu. Corrente de prata ou de ouro no colete com moedas pendentes. Varapau ferrado para conduzir os animais.

Retirado de http://trajesdeportugal.blogspot.com/

Triagem de Manchester na "nova" urgência

De acordo com notícia da Agência Lusa, "o método de triagem de Manchester, que encaminha os doentes consoante a gravidade do seu estado, entra hoje em funcionamento na urgência remodelada do Hospital de Oliveira de Azeméis, anunciou fonte hospitalar.
João Bento, vogal do conselho de administração do Hospital de Oliveira de Azeméis, disse à Agência Lusa que a implementação do sistema de triagem é mais uma das alterações introduzidas para a requalificação do serviço de urgência, que recebeu recentemente obras de vulto.
O Hospital de Oliveira de Azeméis dispõe de um serviço de urgência básica e o fluxo de utentes ronda já os 220 atendimentos diários, após o encerramento da urgência de Ovar."
Ver notícia completa aqui.

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Alterações ao trânsito na cidade

clique na imagem para ampliar


Conforme solicitado, coloco aqui as alterações que se irão verificar no trânsito da nossa cidade.
Não sendo muito perceptível a imagem, os interessados em receber o documento completo, basta deixarem o seu endereço nos comentários que enviarei a documentação integral.




Se tudo correr bem, novo Pavilhão em breve...


Depois de lançado o concurso, a Câmara Municipal acaba de adjudicar a construção do futuro pavilhão gimnodesportivo municipal.
O equipamento, a instalar na zona desportiva da cidade, está orçado em 897 mil euros e será financiado pela autarquia e pelo Estado.
De salientar que o recurso a energias alternativas é a grande aposta deste empreendimento, que deverá estar concluído dentro de um ano e que será dirigido especificamente para a formação.

terça-feira, fevereiro 12, 2008

Carnaval 2008

sexta-feira, fevereiro 08, 2008

Í­ndice concelhio de qualidade de vida

Estudo realizado pela Universidade da Beira Interior (UBI), com base no anuário estatí­stico de 2004, publicado pelo INE, temos o seguinte ranking:

- S. João da Madeira (3º lugar)
- Santa Maria da Feira (67º lugar)
- Vale de Cambra (109º lugar)
- Oliveira de Azeméis (129º lugar)
- Arouca (196º lugar)


quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Largo Público


Largo do Gemini

Espaço para comentários livres. Aceitam-se lamentações, criticas, aplausos, sugestões, informações, poemas, indicações de largos para serem aqui publicados em imagens…

quarta-feira, fevereiro 06, 2008

BTT em Cucujães

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Não será para a minha pedalada, mas para todos os interessados!!!

terça-feira, fevereiro 05, 2008

Ó Entrudo chocalheiro…

Algures, em pleno desfile carnavalesco, um figurante intitulava-se ‘O Caça-Gajos’, exibindo um taco de golfe na mão.
Não resistimos a fazer a entrevista possível.

Pode-se saber a razão de se estar a divertir com o cognome de ‘O Caça-Gajos’ ?
Tá enganado. Eu não parodio ninguém. Não tou aqui pra dibertir-me. Tou na minha função qué de dar caça aí uns gajos que eu cá sei…
Já haviam os ‘Caça Cigarros’. Agora ‘O Caça-Gajos’….O que o leva a exercer essa, digamos, função ?
Beja bem. Isto aqui era um sossego. De 4 em 4 anos tínhamos pra aí umas festas engraçadas, sim, aquilo a que chamam eleições. Depois, era ficar de papo pró ar. Não acontecia nada e a malta entretinha-se como podia.
E agora já não é assim ?
Bocê não é daqui pois não? Taba mesmo a ber. Pois é. Começaram a aparecer por aí uns gajos que por tudo e por nada acham que têm dizer sempre coisas. Ao princípio ainda tinham piada, sabe. A gente andava no bem-bom e nem ligava. Comia uns tremoços, bebia umas bejecas, jogaba matraquilhos e combinabam-se umas coisitas. E habia uns jantarinhos. Agora não. É a todas as horas e todos os dias. Sempre a atazanar a cabeça, sempre a malhar. E não temos cabeça pra tanto, caraças. Até querem saber coisas que não são contas do rosário deles. É uma chafurdice completa.
Chafurdice ? Não se estará a referir à falta de saneamento, por exemplo?
Olha-me este agora! Sane quê ? O povo quer lá saber de saneamento ou lá o que é. Diga-me lá: bocê quando anda por aí vê algum saneamento, bê ? Não bê pois não. Atão é porque não é preciso.
Mas olhe que a existência de saneamento, o abastecimento de água, zonas verdes são factores de bem-estar e de desenvolvimento…
Homesessa agora ! O que o povo quer é obra. Obra, percebe. E obra pra mim é de cimento armado. Mas… disse zona berde ?
Sim, disse.
Ah mas aí é bocê está enganado. Não temos mas bamos ter muuuiiiiito berde. Bamos ter pra aí uma dúzia de campos de golfe. Isso também é obra. Bá lá. Até não gasta muito cimento. Mas é obra na mesma.
Agora percebo porque anda com esse taco de golfe. Já anda a treinar…
A treinar? Olha-me este agora ! Não senhor. Ando a ber se descubro os gajos pra lhes acertar

E lá seguiu rua adiante gritando ‘Quantos são ? Quantos são? …
(esta entrevista é pura ficção, não tendo qualquer semelhança com a realidade. Tanto mais que andar por aí de taco de golfe na mão até pode ser perigoso e não é aconselhável imitar. Dada a quadra carnavalesca, espero que ninguém leve a mal)

sábado, fevereiro 02, 2008

Região pode vir a ter equipa de ciclismo

José Augusto Silva, natural de Nogueira do Cravo, ex-director desportivo de uma equipa profissional de ciclismo, pretende manter-se ligado à modalidade, tendo em mãos um projecto arrojado para 2009 que passa pela criação de uma equipa profissional na região de São João da Madeira ou Oliveira de Azeméis. Em entrevista a um jornal, afirma que “Na minha zona há muitos aficionados do ciclismo. A minha ideia é criar uma equipa profissional em 2009 em São João da Madeira ou Oliveira de Azeméis. Tenho mantido contactos camarários e com empresas locais. Uma dessas empresas está a fazer um estudo, através do seu departamento de marketing, com vista a que a equipa possa ter o nome dessa mesma empresa”, revela, a O NORTE DESPORTIVO, o técnico de ciclismo.

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

Viagens prescreveram

Quinze dias safaram Ápio

O presidente da Câmara não vai ser julgado pelas duas viagens que uma das suas filhas fazia semanalmente a Viseu, enquanto estudante universitária, conduzida em carro com motorista da Câmara Municipal.
Embora o próprio motorista tenha confirmado a veracidade da acusação, o juiz de instrução acabou por considerar que o crime prescreveu: a defesa de Ápio Assunção entregou como prova um certificado de fim de curso com data de 19-09-2001, e o juiz de instrução aceitou que os ditos transportes ocorreram até 2001, e não posteriormente.
Ora, assim sendo o prazo prescricional terminava a 19 de Setembro de 2006. O caso é que Ápio Assunção apenas foi constituído arguido duas semanas depois de cumprido esse prazo, no dia 3 de Outubro desse ano.

In Jornal Voz de Azeméis

Presidente da Câmara vai a julgamento

O Jornal Voz de Azeméis publica na sua edição de hoje, a seguinte notícia:

Ápio Assunção vai mesmo ser julgado, mas apenas por um crime de abuso de poder, juntamente com José Leite, encarregado dos Estaleiros.

O Tribunal de Oliveira de Azeméis já pronunciou Ápio Assunção por um crime de abuso de poder na forma consumada – com o chefe do Executivo e do mesmo crime está também pronunciado José Leite, encarregado dos Estaleiros Municipais. Para já, o julgamento do presidente da Câmara tem sessões agendadas para os dias 28 de Fevereiro e 4 de Abril.
O processo, recorde-se, remonta a 2001, ano de eleições Autárquicas e altura em que Ápio era ainda vice-presidente de Câmara: na sequência de uma denúncia de um munícipe, a Polícia Judiciária iniciou as investigações que incidiram sobre o presidente e o encarregado, juntamente com outros três funcionários e uma empresa do ramo da construção civil. Mas a 2 de Agosto do ano passado só seria deduzida acusação contra os primeiros, enquanto os outros quatro processos eram arquivados.
Ápio Assunção estava acusado de três crimes de falsificação de documentos, um de peculato de uso e outro de abuso de poder e José Leite de ser co-autor de um crime de falsificação de documentos e de um de abuso de poder.

Crime está ligado com contratação de cisterna

Os dois pediram a abertura da instrução – procedimento que culminou, agora, com a pronúncia dos arguidos por um único crime apenas, o de abuso de poder, relacionado com a contratação, pela Câmara, do fornecimento do serviço de um camião cisterna e respectivo motorista a uma empresa de construção civil.
Pelo caminho ficaram os crimes de falsificação de documentos – que estavam ligados com o alegado desvio de materiais dos Estaleiros da Câmara – e o de peculato de uso – que tinha em causa as viagens que a filha do presidente supostamente fazia, duas vezes por semana, para a Universidade de Viseu, com carro e motorista da Autarquia.
No primeiro caso, o Tribunal deu como demonstrado que os arguidos sabiam que o local indicado nas guias como sendo o local de descarga dos materiais não correspondia àquele para onde os materiais se destinavam, resultando ainda, além deste conhecimento, "o próprio papel activo dos arguidos no destino a dar a esse material". Mas não os pronunciou pelo crime devido a não ter ficado demonstrado que tivessem agido em benefício próprio ou de outrem e nem em prejuízo do Estado ou de terceiros.

O caso da cisterna

Os factos que trazem Assunção e Leite acusados de abuso de poder – na forma consumada – remontam também a 2001: o fornecimento do serviço de um camião cisterna, com motorista, foi adjudicado a uma empresa privada – a mesma que esteve implicada na história dos desvios de materiais dos Estaleiros.
Acontece que o motorista faleceu, e não tendo a empresa um outro colaborador devidamente habilitado à condução daquele veículo que o substituísse, o serviço passou a ser assegurado, entre Novembro de 2001 e Julho de 2002, por um outro condutor, mas da Autarquia.
O problema é que a Câmara, embora tivesse ‘emprestado’ o motorista, terá continuado a pagar à empresa o valor inicialmente contratualizado, que abarcava a viatura e o homem, a 42,5 euros à hora acrescidos de IVA. Em simultâneo, pagou, alegadamente, ao funcionário os salários e as retribuições correspondentes ao seu contrato de trabalhador camarário.

"Agiram em prejuízo do erário público"

Ou seja, a Autarquia é como que acusada de ter pago pelo motorista duas vezes: uma à tal empresa de construção civil (num total de quase 25 mil euros, correspondentes a um total de 580 horas) e outra ao próprio trabalhador, apesar daquele ter exercido funções "em proveito exclusivo" da empresa no período em referência.
Os arguidos "agiram em prejuízo do erário autárquico e público" e "com benefício da empresa", "fruto da relação de amizade" entre os arguidos e o representante legal da empresa, retira-se da decisão instrutória, a que ‘A Voz de Azeméis’ teve acesso.
O documento vinca que a empresa deveria ter sido excluída do concurso de fornecimento por ter deixado de ter, ao seu serviço, um motorista apto para a condução da cisterna. Também considera que este procedimento é "ilegítimo pois constitui violação grave dos deveres do cargo que lhe incumbia [a Ápio Assunção]".
O nosso jornal tentou contactar Ápio Assunção que, no entanto, se escusou a pronunciar-se sobre esta matéria.