quinta-feira, novembro 09, 2006
Museu do Vidro
Sei que este tema já tem barbas longas mas é sempre bom lembrar o mal cultural e patrimonial a que nos sujeitaram. O artigo do Prof. António Rebelo esta semana no Correio de Azeméis, toca novamente na "ferida".
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Pertinente, sem dúvida, o post do Rui. Numa altura em que os concelhos vizinhos efectuam fortes apostas em equipamentos culturais, e concretamente em Museus dedicados à Industria, muito poucos no nosso país, também Oliveira de Azeméis, uma vez perdido o Museu do Vidro, deverá efectuar o esforço de, enquanto é tempo, reúnir e preservar, um conjunto de peças, equipamentos e utensílios, representativos da nossa indústria.
ResponderEliminarA propósito, deixo aqui uma pequena reflexão por mim publicada num dos jornais regionais do concelho.
Oliveira de Azeméis, é de há muito conhecido como um concelho com forte pujança industrial e detentora de Homens de grande dinamismo. Desde a criação da então Fábrica do Covo há mais de 500 anos, até à mais recente Fábrica do Centro Vidreiro do Norte de Portugal, a industria vidreira teve na nossa região forte implantação, dando sustento a muitos milhares de famílias. Ainda hoje é possível ver o conjunto de habitações que, graças ao humanismo dos seus proprietários foi erguido com o intuito de albergar alguns dos seus funcionários.
Vicissitudes várias levaram ao encerramento desta indústria e com ele ao desaparecimento de um riquíssimo e vasto espólio que parece estar irremediavelmente perdido, comprometendo-se assim a criação do tão desejado Museu do Vidro. Prevalecem contudo, outras e importantes indústrias como são o caso das indústrias dos moldes (impulsionada pela existência do fabrico do vidro), do calçado, das louças metálicas, dos lacticínios e do arroz, de enorme importância para a economia local e até nacional. Relativamente a esta última, registe-se e enalteça-se o trabalho que vem sendo efectuado no sentido de preservar um conjunto de moinhos inseridos numa área de cerca de 38 ha na confluência dos rios Antuã e Ul, na freguesia com o mesmo nome, onde nascerá um parque Molinológico, procurando-se assim preservar o património edificado e o património cultural. Também relativamente às restantes indústrias importará dar especial atenção, porquanto, a evolução tecnológica rapidamente fará apagar da nossa memória importantes aspectos sócio-culturais que urge preservar. Um concelho como o nosso merece um Museu digno de tal designação. Um Museu, que, representativo das indústrias atrás referidas, perpetue no tempo a vivência das nossas gente, dos nosso usos e costumes.
As dificuldades económicas e financeiras que atravessamos não são facilitadoras de investimentos avultados, e como é sabido, as carências ao nível do saneamento, abastecimento de água e a rede viária, relegam para segundo plano este tipo de propostas. Contudo, importa que estejamos atentos e não deixemos para amanhã o que devemos fazer hoje, e se assim for, unindo esforços, sensibilizando os empresários para que não se desfaçam a qualquer preço de máquinas, ferramentas e utensílios, produtos acabados, registos fotográficos etc., através de negociação ou por aceitação de doações poderemos em breve orgulharmo-nos de possuir um Museu das Artes e Ofícios de Oliveira de Azeméis, ao nível da importância e dimensão do nosso concelho. Pela sua localização e enquadramento, e também pela sua dimensão, as instalações da ex. fábrica de calçado Fémina poderiam ser espaço a considerar.