Para esse debate é preciso perceber um pouco onde estamos e como aqui chegámos. Em 1º lugar, perceber que grande parte dos problemas da nossa indústria dependem de políticas macro-económicas e de outras condicionantes geo-políticas que não se estruturam nos centros de decisão nem nas dinâmicas do nosso concelho. Estão para lá das nossas fronteiras ou da nossa acção.
Em 2º lugar, entender a história e as inter-acções locais. Nos anos 70 e 80, o concelho desenvolveu fortemente a indústria do calçado. O calçado era utilizador de muita mão-de-obra, foi rentável, exportador e cresceu durante esse tempo. Nos anos 80, começou o declínio, que culminou em 1989, com a queda do muro de Berlim e o fim da URSS, para onde era exportada grande parte da nossa produção.
Muita dessa exportação, era de calçado de baixo preço e qualidade, para clientes menos exigentes. Fundamental era dominar os circuitos de compras. O fim dos países do leste europeu, deixou uma indústria impreparada para produzir para outros mercados. A posição comercial acabou e a nossa indústria não tinha circuitos comerciais na Europa nem nos EUA e, sobretudo, não produzia para clientes que apreciavam maior qualidade, melhor design e facilidade comercial.
A produção barata de então, por sua vez, tornou-se cara perante os preços ainda mais baixos oriundos da produção asiática. Foi o fim, praticamente, de muitas das nossas indústrias.
Quem sobreviveu? Os industriais com circuitos comerciais próprios, os novos designers entretanto consagrados e aqueles que mantiveram, em regime de sub-contratação, acordos com empresas detentoras de relações comerciais fortes com as grandes centrais de compras.
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