O burro e a palha

Começo agora a acompanhar a história da eventual mudança dos serviços da maternidade do nosso hospital de Oliveira de Azeméis, supostamente a deslocalizar para o Hospital de S. Sebastião (Feira).

Há especulação, mas poucos dados concretos. É inegável que, pese embora esforços mais recentes para melhorar a qualidade de serviço, houve um decréscimo de nascimentos no nosso Hospital, procurando muitas jovens mães outras unidades hospitalares para os partos dos seus filhos - sobretudo com a ida de muitas parturientes para a Feira.

A situação foi resultado das desconfianças sobre a qualidade do serviço do hospital de Oliveira de Azeméis - situação que denunciei com frequência nos anos 90, mas ninguém quis saber -, que conduziu a que muitos potenciais utentes, sempre que podiam, procurassem outras unidades de saúde, melhores e mais bem apetrechadas, incluindo os serviços da maternidade.

Aparentemente, mantém-se a necessidade da população do nosso concelho e de concelhos vizinhos em terem a prestação deste tipo de cuidados de saúde. E o argumento para encerrar a maternidade é o da reduzida procura daqueles serviços, originada pela falta de condições na maternidade do nosso Hospital S.Miguel.

Disse o Director do Hospital, Dr. António Lima, que não compreende a não procura dos serviços da maternidade. Mas a verdade é que se hoje não há razões para evitar aqueles serviços, existe a ideia comum nas utentes, nas mães e pais do concelho e concelhos vizinhos, que podem obter melhores cuidados materno-infantis noutras unidades.

Conclui-se assim que o desinvestimento público na qualidade do serviço e o desinteresse político de muitos responsáveis, ao longo de anos, levaram a tal degradação do serviço, que hoje parece que mais não resta do que fechar ou mudar, tão pouca é a procura e o descrédito e melhores as alternativas vizinhas.

Só lamento tudo o que se perdeu e sobretudo o esforço que sei continua a ser feito, por muitos dos profissionais daquele hospital - que quero aqui sublinhar -, empenhados na melhoria das suas condições, mas porventura, um dia também, condenados ao insucesso. Espero que não!

Reduziu-se tanto a "palha dada ao burro" e agora que o burro já se tinha habituado a não comer, foi o desgraçado morrer...