A Fundação La Salette (FLS) acabou de fazer mais uma contratação. José Oliveira, mais conhecido por Zito, presidente da JSD oliveirense e membro da Assembleia Municipal, é o novo funcionário, assumindo o cargo de Encarregado de Serviços Gerais, que tem por função assegurar o acompanhamento e execução dos trabalhos de manutenção e logística no parque. Não esquecendo que também existe uma directora, com formação superior, que executa uma série de tarefas, chamada Isabel Araújo.
Escuso-me a comentar as reais necessidades do Parque que justificam esta contratação e a disponibilidade financeira para pagar mais um ordenado ao final do mês, embora possa inferir com pouca margem de erro que o dinheiro não deve abundar para os lados da FLS e os projectos talvez não sejam assim tantos que justifiquem mais um elemento. E não será demais dizer que estando a Câmara e a Junta de Freguesia nessa entidade, com certeza que têm recursos humanos disponíveis para trabalhar também para o Parque de La Salette. Basta um protocolo.
O mais difícil seria a Câmara Municipal efectuar uma contratação directa, em particular de alguém que seja da sua confiança. Reformulo: fazer um favor a um ‘boy’ que tantos cartazes colou, tanta dedicação deu ao partido e muito fez nas campanhas eleitorais. Zito tem sido leal ao PSD, conseguiu criar novos núcleos da JSD no concelho e, justiça seja feita, tem dedicado muito tempo a Oliveira de Azeméis procurando implementar o programa que defende. Nisso não tenho dúvidas, embora nem sempre partilhe a forma como o faz e o programa que implementa.
No entanto, esta contratação soa a favor, a ‘tacho’ – como o povo diz! – e com toda a razão. A FLS não necessita de fazer concursos públicos para admissão de pessoal, logo, tem legitimidade para contratar quem quiser. Mas sejamos coerentes e transparentes. Primeiro, segundo e terceiro: qual a necessidade em contratar um Encarregado de Serviços Gerais? Depois, alguém ligado ao partido e deputado da Assembleia Municipal é contratado para a FLS para desempenhar um cargo que não parece fazer sentido existir, ficar bem servido e poder governar a sua vida. Isto só vem desacreditar ainda mais a classe política oliveirense, confirmando a crença que os ‘boys’ bem comportados, leais e submissos são compensados pelos bons serviços prestados. Não ao concelho, mas ao partido.
Não posso deixar de acrescentar que a FLS ainda não tem um Conselho de Administração, mantendo-se a caricata situação de uma Comissão Instaladora constituída pelos irmãos Rosa. Um é vereador e o outro membro da Assembleia Municipal. O projecto de recuperação da zona histórica do Parque ainda não foi a discussão pública. O Conselho de Mecenas onde pára? A estalagem de São Miguel? A Casa do Mateiro, segundo os responsáveis da FLS, custará 300 mil Euros para recuperar. Quem fez essa avaliação? A Casa das Heras vai continuar inacabada durante quanto tempo? Afinal que estratégia para o Parque? Relembro que o Conselho de Fundadores, presidido pelo presidente da Câmara Municipal, tem responsabilidades directas sobre esta matéria tendo em conta que é o órgão máximo da FLS e compactua com estas indefinições e contratações com contornos pouco favoráveis a uma entidade que pretende assumir-se como motor de desenvolvimento social, desportivo, cultural, recreativo, turístico e ambiental de Oliveira de Azeméis, incluindo o Parque de La Salette, e que apela ao envolvimento dos oliveirenses no projecto para o Parque. Mas, o autismo dos responsáveis, nomeadamente dos irmãos Rosa, a pouca abertura às sugestões da população, a excessiva partidarização da FLS – ampliada por esta contratação – e o afastamento progressivo da sociedade civil são posturas que o Conselho de Fundadores vai permitindo, sem nada apontar a esta má gestão.
Voltando ao ‘boy’, a FLS sai ainda mais desacreditada com esta contratação que pouco ou nada serve o Parque. Pergunto ainda que currículo detém o Zito – com todo o respeito que me merece – para assumir um Cargo de Encarregado, a não ser a lealdade partidária? O presidente da Comissão Instaladora, Dr. António Rosa, sempre defendeu, bem o recordo, profissionalismo e transparência, apelando aos concursos e à rigorosa avaliação de candidatos para qualquer tipo de lugar ou serviço prestado. Bem sei que o que se diz hoje não se faz amanhã e, o resultado, é o ‘boy’ que se tornou Encarregado na Fundação dos irmãos Rosa.
Artigo de Opinião de Nuno Araújo publicado na edição de ontem do jornal A Voz de Azeméis
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