quarta-feira, abril 26, 2006

Onde é que estavamos...

Caros bloguistas, este post é uma provocação. E que tal, cada bloguista, contar aqui onde estava e o que fazia no 25 de Abril de 1974? (a malta nascida depois, ou nesse ano, está dispensada...)
Começo por mim. Já escrevi aqui as minhas impressões de memória, num post de 25 de Abril de 2005 (os curiosos, leiam o post).
Em 25 de Abril de 74, estava algures nos confins do Império, no sul de Angola. Tinha 8 anos de idade. Terá sido um dia muito normal, com escola e muita brincadeira. Como calculam, embora vivesse num ambiente anti-regime (havia conversas em tom baixo, reuniões intimistas e livros escondidos), a ideia de revolução e a mudança de regime não estavam na minha ordem de preocupações.
Recordo-me apenas, conscientemente, do dia 27 de Abril (2 dias depois), altura em que se falava abertamente da Revolução e em que terá sido recreio toda a manhã na escola. Terá sido num dos dias seguintes.
A imagem física mais impressiva da Revolução e dos seus ícones, foi um cartaz enorme pendurado na fachada do prédio, em que se dizia "O Povo Unido Jamais Será Vencido!".
A Revolução de Abril teve um impacto brutal na minha vida pessoal, no meu destino e no meu futuro. A minha família foi vítima do burlesco processo de descolonização. Tenho muito por onde me queixar! Mas tenho plena consciência da enorme importância que teve para o país, para a liberdade e para o desenvolvimento desta nação. Viva o 25 de Abril!

15 comentários:

  1. Estava a comer um comunista parasita!

    ResponderEliminar
  2. Pois caro Rui Nelson, tens mesmo mt para te queixar a propósito do, cito, "burlesco processo de descolonização", mas descontando todos os outros que não fazem parte da tua família política, deverias pedir contas ao Sr. Mário Soares & Almeida Santos e c.ª lda.
    Não havia outra alternativa? se calhar não. Quem sabe? mas sabes certamente que os brancos de 2.ª, e tu eras pois deves ter nascido em Angola não foram tidos nem achados e muito menos acautelados os seus interesses. O que interessava era o que estava neste catinho lusitano. O triste disto tudo é que quem veio em socorro, financeiramente é claro, desses brancos de 2.ª foram os países nórdicos que durante anos financiaram actividades de guerrilha contra os mesmos.
    Contingências dos tempos e da história!
    Por algum motivo é que ainda hoje o sr Mário tb não é benvindo aos amigos territórios coloniais.
    Quando abrirão todos os dossiers dos acordos de Lusaka, do Alvor etc e suas adendas??? Estão á espera da morte de todos os signatários?
    O 25 do 4 Foi muito importante para a nossa sociedade pena que cada vez mais esteja longe dos seus objectivos. Salazar, para quem acredita na vida eterna, deve-se estar a rir certamente...

    ResponderEliminar
  3. Viva o 25 de Abril! Ainda não era nascido... Já agora, relembro alguns bloggers que não é preciso andarem na 'clandestinidade' para emitirem opinião! Viva a revolução!

    ResponderEliminar
  4. ...iniciou-se a primeira presidência da cmoa liderada por comunas!
    fizeram tanta merda que os oliveirenses nunca mais quizeram vermelhos...

    ResponderEliminar
  5. Anónimo autor do comentário das 10,40: agradeço a sua preocupação comigo e com os descolonizados do ultramar, mas meta a viola no saco, que bem se vê não sabe nada do que escreve.
    Começo por dizer que não cheguei a ser branco de 2ª (a lei foi revogada antes de eu nascer), razão pela qual dispenso o seu comentário racista.
    Mas isso não é grave. O que é grave - com a benção de muitos outros que enchiam as manifestações de apoio ao regime e ao imperio ocorridas no terreiro do paço - é que alguém quisesse viver num país em que se fazia classificação por raças e cor da pele, fossem elas quais fossem.
    E foi à custa dos opositores ao regime, onde se inclui Mário Soares, que se acabou com essa vergonha em Abril de 74.
    Já agora, era o seu amigo Salazar quem devia ter estado vivo para prestar contas por ter alimentado a loucura do último império colonial, mantido à custa de uma guerra injusta (onde o meu pai combateu quase 5 anos, bem como grande parte da minha família) e da sua política insane do "orgulhosamente sós".
    Perante aquilo que escreve e diz pensar, estou-me nas tintas que esteja a rir quem você quiser, quando tenha um palmo de terra por cima. Vivo bem com revanchismos e maus-fígados.
    Fico é feliz por ter acontecido o 25 de Abril. Foi pena só ter sido em 74! Até fico feliz por ter permitido que opiniões de "sarjeta", como a sua, possam ser expressas livremente neste país.
    É disso que eu me rio. De si e de todos os intolerantes e mal-educados, que sofrem nas entranhas os efeitos da felicidade dos outros, que tiveram a coragem de a estender e conceder até aos seus próprios adversários e a todos os que ajudaram a que lhes fizessem mal durante décadas.
    Esta é a lição suprema da tolerância democrática. Viva o 25 de Abril!

    (Desculpe, mas não o trato por tu. Não é por pensar que sou importante, como o fazem alguns hipócritas; é por não ser seu amigo e não querer ter por amigo quem não tenha a coragem de assumir as suas posições)

    ResponderEliminar
  6. Então?!...
    Para quê tanta cólera?
    O que mata não é a cólera, é o sorriso. Matemos a cólera. Sorriam!!!

    ResponderEliminar
  7. Quem destes é o anónimo que escarra na sopa?
    PCP sempre!

    Helder Simoes
    Rui Nelson Dinis
    carlos cunha
    Pedro Marques
    Helena Terra
    Nuno Araújo
    Rui Luzes Cabral

    ResponderEliminar
  8. Alguém anda 'aborrecidozito'...

    ResponderEliminar
  9. Para o Rui Nelson:
    Mas que belo comentário... Viva Abril!

    ResponderEliminar
  10. Caro Rui Nelson. Ou prefere o sr Dr? como queiras.
    Compreendo que o tempo te escasseie e por isso não leias as linhas todas porque se o fizesses apagavas o post que inseriste. Ou foi deliberado inverter o sentido do texto (meu)?
    Tinha-te como uma pessoa inteligente mas não mal criado (assim mesmo espaçado) Não me venhas com tretas porque esse é mesmo o discurso de uma esquerda ou direita - tanto faz, que só sabe ouvir o rído que produz. Nunca consegue ouvir as opiniões e as divergências de discurso alheias.

    Já agora, e já que fala do seu pai, do qual se deve orgulhar, tb lhe digo que o meu, apesar de não ter estado na guerra colonial poruqe na altura em que prestou serviço militar, ainda não tinha começado, foi mandado pelo "meu amigo Salazar" com guia de marcha para a província ultramarina de Moçambique só por ser dirigente sindical. Por isso não me venha com tretas. Por outro lado não sou retornado pois apesar de ter saído de Moçambique só o fiz qd entendi já nos anos 80. Passei toda a fase revolucionária e de afirmação da independência daquele país.

    Maus figados terás tu certamente, ou se calhar deves ser ressabiado pois quem levantou a questão do "burlesco processo de descolonização" foste tu. Eu só te relembrei certos factos que se calhar porque à época seres um pirralho não tinhas consciência e agora só vês o que te dá jeito.

    Qt á malcriadice... cada um fica com a que tem

    ResponderEliminar
  11. Caro Anónimo das 10:40, ainda bem que a minha resposta lhe doeu! É um bom princípio. Quem não sente não é filho de boa gente.
    Começo a gostar de si (desculpe, mas continuo a não poder tratá-lo por tu, sobretudo agora que entendi que é mais velho que eu).
    Faço sempre por ler tudo o que aqui se escreve. E devo dizer-lhe que não gosto da escrita fácil e de banalidades.

    Aborrece-me mesmo algum tipo de discurso fácil, que se instalou neste país, de forma brejeira, contra o 25 de Abril, contra o Soares, contra a esquerda e a direita (é bom perceber que existem) e contra quem assume que é e o que pensa.
    Estamos cansados disso. São genes descendentes dos tipos que estiveram contra a independência em 1143, tentaram esmagar 1390, os velhos do restelo dos descobrimentos nos anos quinhentos, apoiantes dos Filipes em 1580, absolutistas no centralismo, anti-liberais nos anos vinte do sec.XIX, monárquicos no final do seculo, anti-republicanos no sec.XX, apoiantes de Salazar e hoje salazarentos. Não há paciência histórica para aturar estas birras pseudo-nacionalistas e revanchistas. Agora digo eu: chega de tretas!

    Agradeço que me considere inteligente (conceito demasiado abstracto e inútil...), mas não me importo que me chame mal criado (com ou sem espaço), porque é opinião não clarificada. Não gostava é que me chamasse mentiroso, cobarde ou hipócrita. Há valores que se aprendem em "pirralho" e prevalecem na vida. Mas há quem nunca os aprenda, viva e morra neutro ou sem os ter, em busca da infância perdida. Faço para que não seja o meu caso. Desejo e espero que não seja o seu. Para mim, o resto é opinativo e retórico e respeito o que pensar.

    Sobre a guerra colonial, o meu pai cumpriu-a, com lealdade e amor à Pátria (o patriotismo não é um privilégio da direita, também é da esquerda). Mas ensinou-me que cada geração tem a sua "guerra colonial" e um Homem tem sempre que ter a coragem de enfrentar a sua verdade e a sua história.
    A geração do meu pai pôs fim à guerra colonial e ganhou a liberdade e a democracia em Portugal. Deles nos devemos orgulhar. Eu tenho orgulho.

    Tudo devemos fazer para deixar um país aos nossos filhos, do qual tenham orgulho com o que fizemos. Por isso, chega de saudosismos, discursos balofos e salazarentos e mãos à obra, que há muito que fazer. Cada um no seu posto e com as suas responsabilidades.
    Eu assumo e assino. Cumprimentos bloguistas.

    ResponderEliminar
  12. Caro Rui Nelson, afinal eu tinha mesmo razão: não tinhas lido o texto.
    Qt aos orgulhos cada um tem os que quer e eu particularmente não tenho orgulho no tráfico de escravos, na colonização e porque do meu tempo, da descolonização. Não pelo acto mas pelo modo. E qt a isso, quer aceites ou não, o Sr. Mário Soares, o sr Almeida Santos têm particulares responsabilidades. Não que sejam os únicos, quer à esquerda quer à direita mas porque são da família politica em que te inseres e foi nesse contexto que foram chamdos ao tema.
    Sei que é uma pessoa mt ocupada mas se puderes lê este texto feito por um de participantes activos no 25/4.

    http://ideiasdebate.blogspot.com/2006/04/25-de-abril-1.html

    Se calhar foi este um dos verdadeiros alicerces do 25/4 apoiado e aproveitado por quem tinha consciência política e pretendia a queda do regime.

    No que concerne ao último paragrafo do teu post, certamente não te estavas a referir ao que eu escrevi. Confusões bloguísticas certamente.
    Um bom fim de semana

    ResponderEliminar
  13. Caro 10:40, a subtileza da escrita nem sempre esconde completamente alguns sentimentos primários, sobre os quais nunca deixarei de contestar e argumentar. Embora não devam ocupar espaço neste blog.

    Desde logo, a referência ao orgulho e ao tráfico de escravos, que me dispenso de enfatizar mais. O que escreve é tão aberrante que encerra em si mesmo a resposta que me apetecia dar. Estamos todos de acordo.
    Você diz que eu não leio tudo o que você escreve, mas você também não lê aquilo que escreve!

    Quanto aos seus "ódios de estimação", Mário Soares e Almeida Santos, nada posso fazer. Mesmo tendo sido vítima deles, segundo a sua mundividência. Estou-me a borrifar para isso.
    É muito fácil, anos depois, no conforto da nossa comodidade histórica e no sossego do nosso estômago, criticar o cirurgião que teve na ponta do seu bisturi a capacidade de cortar, mutilar e a forma como a utilizou no seu paciente, em decisões urgentes e sem ter o quadro completo de diagnóstico, para lhe fazer a cirurgia que lhe pretende salvar a vida.
    Nunca ninguém se lembra dos sacanas que puseram, ao longo de décadas, o paciente naquele estado!

    Sobretudo quanto se tem a possibilidade de avaliar essa intervenção 30 anos depois e quando o dispensa de a ter realizado a 7000 kms de distância.
    É tão fácil. Mas tão banal.

    Li o blog que me indicou e que me interessou. Os 2 posts indicados são exemplos claros de uma situação mais geral que já conhecia.

    ResponderEliminar
  14. Encerrado o capítulo da desconversação, digo descolonização. Não há medalhas para os intervenientes, nem taças para os participantes. Razões e incoerências todos temos direito a elas. Afinal o 25/4 não nos trouxe tb esse direito? Um dia quem sabe se ainda nos nossos dias saibamos tudo que se passou de facto e os acordos não escritos que foram feitos. e para fim de conversa porque ficou convencido que eu falava do que não sabia, conheci mt bem o dr Almeida Santos, nos meus tempos de estudante na Un. de Lourenço Marques era ele um famoso advogado da city e abastado proprietário de bens dos seus ex-clientes... mas isto para ti claro, é só má língua.
    Fica mesmo por aqui a discussão.

    ResponderEliminar
  15. Olá 10:40, mas isso são assuntos para tratar com a sua memória e consciência. Desconheço o que diz, por isso não me pronuncio.
    Felizmente, a verdade não prescreve. Um abraço.

    ResponderEliminar

Comente o artigo. Logo que possível o mesmo será validado.