quinta-feira, abril 20, 2006

A água que nos faz mover...

Ora aqui está uma boa notícia: o Parque Temático Molinológico de Oliveira de Azeméis estará concluído no segundo semestre deste ano. Onze moinhos, situados na freguesia de Ul, foram parte integrante de um Núcleo Museológico, onde os visitantes poderão aprender um pouco sobre a funcionalidade histórica dos moinhos, bem como outro tipo de interesses relacionados com a actividade de descasque do arroz. É sempre bom relembrar que as indústrias de descasque e embalagem de arroz de Oliveira de Azeméis representam cerca de 60% da produção nacional. Interessante será, também, a componente exterior aos moinhos, nomeadamente Percursos Pedestres e de BTT, que, tudo parece, a autarquia está a tentar viabilizar junto ao Rio Ul. Pois bem, este precioso legado, no nosso concelho, desde o século XVIII, finalmente parece ter a atenção devida.
Este projecto, de cariz turístico, é fundamental para a identidade cultural do concelho, tão mais que se trata de um dos maiores símbolos identificativos da sua gente, a nível nacional.
Apostar no enriquecimento cultural, paisagístico e arquitectónico, não é um objectivo, é antes de mais uma condição essencial de qualidade de vida dos cidadãos.
Neste período de Páscoa, passei por uma pequena aldeia do Alentejo, que à partida tinha apenas e tão só um Castelo do Século XIV. Ai pernoitei, e ao ver o quanto era organizada, asseada e pacata, me interessei por saber um pouco mais sobre a sua história. Dirigi-me ao Posto de Turismo (que se encontrava aberto, numa sexta-feira santa) e surpreendi-me (e olhem que não é fácil). Primeiro, pelo notório conhecimento demonstrado pelo funcionário que ai se encontrava, que descrevia com visível satisfação os vários pontos de interesse a visitar. Depois, surpreendi-me, fundamentalmente, pela organização e gestão desses próprios pontos de interesse turístico, que apesar de não possuírem monumentalidade ou grandeza histórica, eram evidenciadores de uma atenção especial que facilmente contagia os visitantes que por lá passam.
Com a audaz sapiência do funcionário do Posto de Turismo e com a organização dos relevantes pontos de interesse pró-turísticos de uma pequena vila, passarei a referenciar como local a visitar: ALVITO.
Esta pequena história, é sintomática da importância do turismo para uma região, para uma cidade, ou mesmo para uma vila.
Por isso, aplaudo a persistência da autarquia neste projecto, rogando para que este seja um dos muitos possíveis a concretizar no concelho. Oliveira de Azeméis é rico em história, em património, em cultura e gentes. Desenvolver turisticamente uma região é proteger a sua identidade para as gerações vindouras, defendendo a sua unicidade regional e nacional. Fortalecendo as raízes, estaremos a fortalecer os ramos e os frutos, ou seja, os laços que nos ligam a uma terra, principalmente dos mais novos. Contudo, não podemos deixar de ser selectivos, devemos privilegiar o núcleo essencial dessa identificação histórica e cultural, aquilo que é distinguível e indissociavelmente nosso, para assim seremos verdadeiramente bons e atingirmos a excelência de oferta. E os moinhos encaixam nisso mesmo…

9 comentários:

  1. Não posso estar mais de acordo!

    À semelhança de muitos outros concelhos, Oliveira de Azeméis tem o seu património histórico que (infelizmente, tal como acontece na maior parte das localidades do nosso país) está "doente" e "esquecido", mas que, não sendo "monumental", importa preservar e divulgar.

    Os "moinhos" de Ul são um bom exemplo disso e devemos salientar esse aspecto, embora haja bastante ainda por fazer para que possam ser devidamente valorizados sob o ponto de vista de "oferta turística".
    Infelizmente há "asneiras" a nível de algumas das obras que se realizaram que importa corrigir pois, inclusivamente, violam o PDM...
    O rio não tem as águas límpidas e agradáveis de outrora. É o preço da ausência da rede de saneamento...

    Como pequeno contributo, apontava mais três exemplos, de entre muitos outros, que poderiam (deveriam?) ser uma aposta do actual executivo como forma de valorizar o nosso património e identidade:

    1º Fábrica de Papel do Caima. Trata-se de um imóvel do início do século XX localizado em Palmaz, nas margens do Caima e foi uma das maiores fábricas de papel do país que fornecia papel de qualidade para exportação e para a impressão do (infelizmente) extinto jornal O Comércio do Porto;

    2º Minas do Pintor. Localizam-se em Nogueira do Cravo e, apesar da evidente degradação, apresentam um património interessantíssimo que deveria ser preservado;

    3º Quinta do Covo. Local a "dois" passos do ex-libris do Concelho, onde nasceu a industria do vidro e, por consequência, dos moldes. Além de um local interessante sob o ponto de vista arquitectónico e paisagístico, "guarda" memórias da passagem do grande Eça pela nossa terra.

    Como referi, há muitas outras, mas "pegar" nestes casos poderia ser um bom sinal de que se "quer" fazer mais a nível de nos "valorizar" e "trazer" mais gente até cá.

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  2. Ao cuidado dos administradores
    Não seria melhor dar oportunidade ao "senhor diz mal de tudo" de ser um dos contributors deste blog?
    Só voçês é que ainda não viram que ele se está a fazer a isso.

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  3. E tu achas que alguém o quer?

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  4. Caros anónimos (não para mim),

    Para mal dos vossos pecados, na minha vida nunca precisei de procurar protagonismo para dizer o que penso, onde e quando me apetecer.

    Sou livre!

    Os vossos "queixumes" são gemidos que, felizmente, tal como as "vozes de burro",...

    Mandem sempre!

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  5. Já agora, mandem vir sol que é para vos molhar a palha!

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  6. Vejam bem o sucesso deste meu Post.
    Tratando-se de um assunto da extrema importância para o concelho, recebeu até esta hora 5 comentários, e apenas um diz respeito ao tema. Começo a achar que o mal é meu... e fui eu ao Alvito de propósito, só para poder contar esta história...

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  7. Não Pedro, o mal não é teu.

    Acho mais é que a forma como expões as coisas (e muito bem) não deixa azo a comentários, a não ser os azedos, pois a forma como abordas o tema e o explanas, não deixa azo a comentários, a não ser concordar contigo! :)

    Em atalho de foice, quero só deixar aqui uma nota no seguimento do comentário do professor em relação ao que de mal está feito no nucleo museológico, nomeadamente uns muros sobre o rio. A Junta de Travanca não está contra os muros, muito menos contra a obra, e muito menos pediu o enbargo à obra, como se vem constando em alguns sitios e conversas de café. Quer isso sim, que o PDM seja igual para todos, se é que me faço entender!

    Um abraço e bom fim de semana!

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  8. Caro Zé Ribeiro,

    Como sabes, concordo contigo. Precisamos de valorizar o nosso património de forma a preservá-lo e a cativar visitas.

    Porém, ao contrário de "patos bravos" que por aí andam, também não aceito que se faça "tudo", de qualquer "maneira" e em qualquer "sítio".

    O PDM deve ser respeitado e, quem tem o poder de decidir, não pode ter "dois pesos e duas medidas"...

    Quanto aos "lamentos" do nosso Bloguista Pedro, apesar de os compreender, julgo que não deve valorizar o facto de haver "poucos" comentários. De facto, a maior parte dos visitantes, prefere a comodidade de "observar" o qe se vai dizendo a, concordando ou discordando, "bater" ao teclado...

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  9. Resposta aos comentários:

    - Sr. José Ribeiro, não posso deixar de agradecer a Vossa gentileza, e a Vossa participação neste fórum. Fórum que se quer dinâmico e atento a todos os circunstancialismos relevantes do nosso concelho. A minha intenção não passa, senão, em dar relevo a factos importantes, de uma forma isenta e quiçá distante. Aqui escrevo, desligado de intenções dissimuladas ou provocatórias. Faço, e continuarei a fazê-lo de uma forma livre e consciente, doa a quem doer, chateia a quem chatear. Nessa senda, lhe digo, que Travanca às vezes parece esquecida por quem tem responsabilidades, mas considerando a força humana ai existente, tem conseguido reverter, de forma notória, as adversidades em vitórias. Bem-haja;

    - Professor Manuel Alberto, não lamento os poucos comentários… o que verdadeiramente lamento é a falta de participação cívica que denoto na nossa sociedade, em geral, e muito em particular, na nossa cidade de Oliveira de Azeméis. Isso sim, é preocupante!

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