Desde o 25 de Abril que o poder autárquico, na Câmara Municipal, em Oliveira de Azeméis, tem pertencido ao PSD. Com as nuances próprias das várias personalidades que têm presidido aos destinos do nosso concelho, a forma de fazer política, a forma de relacionamento institucional e a forma de interagir com a comunidade têm-se mantido intactas, tal como se têm mantido intactas as relações com a “máquina operativa” do próprio município.
Com grande frequência, se vem ouvindo comentários a propósito do nosso município que, de tantas vezes repetidos, se tornaram lugares comuns.
É vulgar ouvir-se dizer que Oliveira de Azeméis é uma “terra de meia dúzia”, sempre os mesmos. Isto é o que acontece quando o poder e as forças políticas que o orientam se perpetuam, acabando por se “afunilar” as relações societárias e de interacção entre quem detém o poder e os seus destinatários porque, uns e outros, são quase sempre os mesmos.
Em muitas circunstâncias e desde há muito tempo, também se vem ouvindo que Oliveira de Azeméis perdeu massa critica, talvez porque o relacionamento institucional com o poder central e com as estruturas de poder intermédio é o mesmo, há mais de trinta anos, no mesmo tom, no mesmo estilo e da mesma forma. Se revisitarmos os últimos executivos municipais, os presidentes que se têm sucedido são sempre (com pouquíssimas excepções) naturais herdeiros das presidências anteriores apresentando-se a eleições com listas “supostamente” renovadas e com gente que não só, pouco renova, como não inova.
Depois disto, parece natural que a forma de interagir com a comunidade tenha sempre os mesmos protagonistas. Contra estes não tenho nada e a comunidade também não pode ter. Além do mais, porque é sempre aos mesmos que o poder recorre e, portanto, todos nós lhe devemos muito. Todavia, é necessário inovar e alargar o leque de “escolha” de “parceiros” disponíveis na comunidade que possam interagir com o poder.
É inultrapassável o facto de que a Câmara Municipal é um dos maiores empregadores do nosso concelho. Temos uma “máquina operativa” que os nossos concidadãos consideram muito pesada e pouco produtiva, não invalidando, como é óbvio, que é também dotada de muitos bons membros, alguns excelentes técnicos e muita gente de boa vontade. Mas também esta “máquina” é afectada pela “cristalização” de procedimentos e/ou expedientes que só a perpetuação no poder facilita e potencia. É urgente agilizar a nossa “máquina operativa” para bem dos oliveirenses em geral e dos funcionários que a compõem, em particular.
Oliveira de Azeméis precisa de um “abanão”, de uma forte “sacudidela”: isto é aquilo que com frequência se vai ouvindo na rua.
Até porque, Oliveira de Azeméis é um dos dezanove municípios do distrito de Aveiro e destes, dezassete, já passaram por processos de alternância – o que quer dizer que, desde o 25 de Abril até hoje, já foram governados, pelo menos, por duas forças políticas diferentes. Apenas Santa Maria da Feira e Oliveira de Azeméis, nunca conheceram a alternância democrática. Apesar de tudo, Oliveira de Azeméis e Santa Maria da Feira são realidades muito distintas e noutra circunstância, poderemos reflectir sobre as múltiplas causas destas diferenças.
Não há nenhuma teoria de ciência política que não defenda que a alternância, além de ser o grande alimento da democracia é um dos maiores motores do desenvolvimento.
Oliveira de Azeméis tem o diagnóstico feito, há muito. Não há soluções milagrosas, mas uma coisa é certa, se perdermos a próxima oportunidade de alternância de poder, que só o acto eleitoral autárquico proporciona, resignar-nos-emos a ser apenas o que somos hoje, a ter apenas o que temos hoje e a assistir ao desenvolvimento dos outros para quem há décadas atrás até já fomos uma referência.
Tanto para a Câmara Municipal, assim como para as freguesias que ainda não tiveram a ousadia de conhecer a alternância, restar-lhes-á outras palavras classificativas da situação política. Eu volto a escolher a palavra CONFORMISMO.