quarta-feira, abril 05, 2006

A 48 horas de serem completados 180 dias após as Eleições Autárquicas, de 9 de Outubro de 2005, exige-se uma reflexão sobre a participação eleitoral de cada um de nós. Procurar indagar sobre a importância do nosso voto no destino das políticas é um dever intrínseco à nossa cidadania. Mais importante é o nosso voto, quanto mais conclusiva for a nossa reflexão. Por mais ou menos informados que estejamos, começam a emergir sinais distintivos de boas ou más políticas, sendo que alguns desses dados são essenciais para caracterizar da mesma forma a nossa opção eleitoral.
Dos 308 municípios portugueses, há 41 que sempre tiveram presidências do mesmo partido, nomeadamente o município de Oliveira de Azeméis.
Esta realidade insofismável confronta com o aparente inconformismo da sua existência. Ou seja, como é que é possível, em Oliveira de Azeméis, o PSD ter ganho todas as eleições autárquicas, desde o 25 de Abril? Bom, certamente não serei eu a aflorar as razões, tanto mais que não conheço esta cidade desde aquela data, mas atento e preocupado que sou, me questiono sobre as tendências socio-políticas do concelho que me acolheu. Fugindo do âmbito puramente partidário, já que ai a miscelânea de opiniões se entrelaça com exacerbadas paixões, salientaria duas que me parecem cruciais na uniformidade eleitoral. A primeira, certamente mais “questionável”, vinca a natureza humana, o ser apolítico, o Homem enquanto pessoa, descarregada de fluxos e reflexos socializantes ou manipuladores da sua essência. O Segundo, deveras mais mitigado e complexo, outrossim, temporalmente incerto e indeterminável, com cariz enraizado em fracos metabolismos concretizadores. No primeiro caso, falo-vos da repulsa natural pelo desconhecido, o medo do incerto, o conformismo ou o sossego do estável, a opção do certo pelo incerto, quebrável apenas por histéricas ou incontroláveis reacções, também elas tipicamente inatas. A Segunda, a satisfação do meio, a acolhedora sensação de realismo, a visualização de elementos caracterizantes e determinadores de grupo, a identificação de correspondências ideológicas, em suma, o pressuposto convicto de estar no lado mais, desprezando o outro, seja bom ou mau.
Em suma, e para não me alongar, deixo aqui a minha reflexão.
Faça Você a Sua.

1 comentário:

  1. De certa forma partilho dessa análise. Porém, relativamente a AO, aproveito para partilhar algumas ideias que tenho acerca da nossa realidade local.

    Para simplificar, divido estas ideias em cinco teses que, genericamente, passo a apresentar:

    1º TESE DA APROPRIAÇÃO - Ao longo do tempo o PSD local tem mantido uma estratégia de "ocupação" (“neutralização”?) de todos aqueles que, de algum modo, politica ou socialmente, lideram grupos e têm influência junto de outros.

    Foi assim que se "apoderaram" dos dirigentes da maioria das associações e tem sido assim que têm "vinculado" empresários e outros "lideres" locais que, pontualmente, vão surgindo;

    2º TESE DO MEDO - Todos (uns mais do que outros) receamos a mudança e também sabemos que há uma natural resistência a tudo que é novo.
    Isso é um facto que acontece com as coisas mais insignificantes da nossa vida, e também na política.
    Afinal, na hora de decidir, quem pode ficar insensível aos "apelos" (ameaças?) de "patrões" que asseguram a "sobrevivência" de centenas e centenas de famílias?...
    Acham que é preciso dar exemplos?...
    1º Sabemos, sentimos e é claramente visível o “clima” de “pressão psicológica” que se gera nos locais de emprego nos momentos eleitorais.
    2º Para além disso, não é preciso dizer nomes, todos sabemos que tem havido um “actor” que, dizendo-se “apolítico” tem “caucionado” o poder local deste PSD.
    3º Em tempos de incertezas, o “medo” amplifica-se e propaga-se mesmo aqueles que, insuspeitamente, se diziam mais corajosos…

    3º TESE DO ALHEAMENTO - A maioria dos cidadãos não quer saber da política para nada.
    Não reconhecem (na prática) a sua importância e, pelas palavras e pelas "acções" (omissões?) dos "políticos" (locais e nacionais), têm sido "educados" a ver a actividade política como algo de mau e como o campo dos "oportunistas" que surgem só na hora de ir a votos...

    Ora, não há "terreno" mais fértil do que este para "avolumar" o caciquismo e para que "tudo fique na mesma".
    Para quê mudar?
    “Estes" já conhecemos... Afinal, que querem os "outros"?... "poleiro"?...

    4º TESE DA FALTA DE ESTRATÉGIA DAS OPOSIÇÕES - Implementada a referida estratégia do PSD local, e tendo em conta o alheamento generalizado, quem sobra?...
    Os "resistentes", os "rejeitados" e os "curiosos".
    Ora, tendo em conta que é difícil "lutar" contra os poderes instalados, é muito mais difícil "aglutinar" corpos tão distintos em torno de "ideais" - e, particularmente, em torno de ideais políticos – de modo a definir estratégias com vista a "captar" a confiança da maioria do “povo” alheado das lides políticas.
    Assim, e “embalados" pelo poder de quem, desde sempre, dispôs das maiorias para "mandar", os partidos da oposição local têm vindo a "gesticular" para captar a atenção dos descontentes, em particular dos “curiosos”, tentando "sobreviver" à "sangria" de "quadros" que ao longo do tempo o PSD local tem feito.

    Ora, hoje não é possível ser alternativa com “acenos” a “descontentes”.
    Actualmente, o papel de que milita na oposição deve ser de permanente actividade, de “viva” auscultação dos eleitores e de clarificação de estratégias de desenvolvimento alternativo para o Concelho

    5º TESE DA “INSATISFAÇÃO”, DO "VAZIO" E DO “CANSAÇO”

    Decorrente do que foi dito, nos últimos anos, tem-se aprofundado em OA um sentimento de "insatisfação" e de "vazio" que a maioria da população sente e não sabe explicar como "ultrapassar" ou "preencher".

    É a "insatisfação" de, quando se comparam com terras vizinhas, verem que (há muito) fomos "ultrapassados" (em quase tudo) por concelhos vizinhos e “tradicionalmente” menos “importantes”.

    É a “insatisfação porque actualmente “pagamos” caro a falta de visão em apostas claras a nível do desenvolvimento de infra-estruturas fundamentais o nosso bem estar, designadamente o ordenamento dos espaços urbanos, a rede de água e saneamento, a prestação de serviços públicos, as acessibilidades, os espaços de cultura e lazer, etc...

    É o "vazio" porque não se têm vislumbrado alternativas suficientemente sólidas para darem o tal “clique” que permita criar o clima de confiança desejada para que se possa passar de uma gestão autárquica "paroquiana" e serôdia" para outra que, assente no rigor e auto-exigência, constitua a "mola" e o "leme" do planeamento e desenvolvimento local.

    É o “cansaço”, porque já lá vão cerca de 30 anos a ouvir: “Agora é que vai ser…”, quando na realidade pouco mudam as coisas e, no dia-a-dia as coisas afinal ficam na mesma.
    Ora os Oliveirenses estão cansados de promessas inconsequentes e de palavras vãs…
    Houve mudanças?
    Claro, afinal nestes anos houve muito dinheiro (e há dívidas…) e, mesmo sem autarquia, algo se faria.
    Porém, estão cansados de esperar…


    Bom, "apresentadas" as "teses", a pergunta é óbvia:
    Estaremos "condenados" a viver “eternamente” sob a "alçada" deste PSD local?

    Da minha experiência, do meu conhecimento da realidade política local e dos contactos que tenho tido o privilégio de manter nos últimos anos, julgo que não, pois começam a estar criadas as condições para que em OA se assista a uma mudança efectiva na gestão da autarquia.
    Como já afirmei noutro comentário deste forum, não é fácil, mas é possível e, particularmente a nível do maior partido da oposição local, julgo que agora estão reunidas as condições necessárias e suficientes para isso possa acontecer.

    Haja coragem e determinação para se afirmar as diferenças fundamentais (não de "cosmética") perante um eleitorado que, aparentemente "adormecido", possa vir a "desperar" um efectivo desejo de mudança.

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