Os oliveirenses, ao questionarem a especificidade da política concelhia, que respostas encontrarão? E que pensarão das estratégias que são alinhavadas nas sedes partidárias da oposição? E que explicações encontrarão para que o concelho vote, por exemplo, em algumas eleições nacionais maioritariamente PS e nas autárquicas isso nunca aconteça? Será pela competência dos eleitos locais do PSD e demérito dos restantes? A ideologia partidária local será diferente da nacional, facto pela qual, justifica a discrepância? Serão sempre más as escolhas das figuras que encabeçam as listas da oposição? Ou os candidatos até nem são maus, más são as equipas ou algum elemento lá pelo meio, que dá mau viver à mulher e pára para lanchar, na tasca do Sr. Roberto de vez em quando?
Não creio que a maioria pense perder o emprego com a mudança, tão pouco, que o alcatrão deixe de chegar à congosta lá do sítio. Não creio que essa maioria que tem mantido estes políticos de bairro, suspeite que “os outros” vendam os edifícios ou terrenos públicos a preços de saldo e que expropriem os terrenos onde se cultiva o milho ou onde crescem os eucaliptos.
Então se não é o medo do abismo, se não é por fractura ideológica, o que é que tem levado a que o “muro de Oliveira de Azeméis” ainda não tenha caído.
Conservadorismo puro e duro não é. Se o fosse, seria sempre o PSD a ganhar aqui em todas as eleições. Falta de qualidades da oposição também não. Ninguém pode sustentar que em mais de trinta anos a oposição tenha apresentado sempre listas sofríveis e o PSD sempre excelentes. Essa não cola.
Sobra o conformismo, a relutância à mudança, ao que está depois da curva e não se conhece. Sobra a falta de habilidade social das oposições em não terem dado muita importância ao aspecto da proximidade social e à persistência política contínua. Nos últimos anos, porém, o partido socialista tem invertido a tendência que se verificava e tem, sem dúvida, realizado um trabalho visível, sério e construtivo. Dará frutos, obviamente.
Sobram ainda os velhos ditados, que por cá até dão jeito: “atrás de mim virá, quem bom de mim fará” ou o outro, “muda-se de moleiro, mas não se muda de ladrão”.
As pessoas ao dizerem isto, e dizem-no, admitem que as coisa não estão bem, que não estão bem servidas politicamente. Admitem que se habituaram a viver assim. E como o descrédito é tanto, retira-lhes força para acreditarem que existem pessoas com outra dinâmica, mais frescas e melhor preparadas, com força e ânimo para contribuírem para o bem do concelho. Medem tudo pela mesma medida.
As pessoas estão anestesiadas com tantas trapalhadas, com tantas promessas adiadas. Até julgam que daqui para a frente só se vai piorar, e pior por pior, há que manter o que cá temos e que conhecemos. Ou alguém conhece por nós.
É que às vezes, como é tão mau este sistema que nos tem governado, que até dá para muitos se servirem dele, mesmo que isso até nem seja muito correcto. Não faz mal, é só para desenrascar desta vez o habilidoso, ou o seu filho, ou o seu vizinho. Quem vier depois que feche a porta.