domingo, janeiro 14, 2007

A invasão de Goa Damão e Diu foi há 45 anos

A recente visita de S.Exª o Presidente da República à Índia, nomeadamente pela sua presença em Goa, reabriu o meu baú de memórias. Trouxe ao de cima a minha vivência de há 45 anos atrás (Dezembro de 1961) , aquando da ocupação de Goa, Damão e Diu pela então designada União Indiana.
Em Goa estava, como soldado do Exército Português, o meu irmão Manuel. Com a ocupação foi, como os cerca de 3 500 militares portugueses, feito prisioneiro, tendo vivido, entre outros dramas, a angústia de estar horas numa formatura frente a um pelotão de fuzilamento (episódio bem pormenorizado num livro do oficial Carlos Morais).
Foram cerca de 6 meses de cativeiro para o meu irmão, não tendo faltado a humilhação, aquando do regresso a Portugal, de ter ficado de novo preso (como a maioria dos soldados que regressaram a bordo do paquete Niassa) no Forte de Elvas, conduzidos em vagões de gado desde Lisboa até aquela cidade alentejana.
Por cá, os jornais e a Emissora Nacional, nos dias que precederam o dia 18 de Dezembro (momento da invasão), davam a conhecer a posição de Salazar: “…sinto que apenas pode haver soldados e marinheiros vitoriosos ou mortos”. Pedia a imolação de jovens portugueses por nunca ter aceite a alternativa negocial proposta por Nehru (líder da União Indiana, hoje Índia). Salazar, ao contrário de, por exemplo, De Gaulle (França) não compreendeu os ventos de mudança e não encetou o processo de descolonização das então colónias portuguesas que tão caro custaria a Portugal durante os cerca de 25 anos seguintes.
Sozinho na cena internacional, Salazar exigia que até ao último dos 3 500 homens armados com espingardas da 1ª Guerra Mundial, com escassas munições, fizessem frente a um exército de 45 000 indianos, com blindados, aviões de combate e até um porta-aviões. Toda a gente sabia que, militarmente, Goa Damão e Diu eram indefensáveis. Excepto ele e os seus apaniguados.

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