Boa noite!
Estou estupefacto! Acabo de ler num dos Periódicos cá do Burgo a opinião de um Leitor – ou Leitora - (que apenas se identifica com 3 iniciais que julgo serem as do seu nome) que, segundo a leitura que fiz, deixou-me a sensação de que defende calorosamente que os políticos devem vencer chorudos salários a fim de se poder contar com a necessária qualidade!
Mas… vai mais longe: Segundo me quis parecer, verbera a ideia de se “mexer” nos salários dos Autarcas alegando que da sua revisão se corre o risco de os “bons Autarcas” se demitirem para irem ganhar mais noutras actividades e que “-Quem fica: os tais mandriões, que se despedirem não têm outra fonte de rendimento” (sic)
Claro que a minha estupefacção é amenizada quando, numa análise superficial mas que procurei atenta, denotei na opinião uma deliberada subserviência a determinado Autarca. Não sei concretamente a que região se reportava tal opinião mas julgo qual era.
Pois bem. Pelo que concluí, a opinião do/a visado/a assenta na ideia de que, fora das Autarquias e da Política, qualquer Trabalhador por conta de outrem que não vença um salário chorudo, é mandrião e/ou ineficiente!
E eu que pensava que, por parte dos Partidos Políticos a indigitação de candidatos para cargos públicos assentava maioritariamente na sua competência a par da sua integridade e que a aceitação por parte destes tinha como principal aliciante a oportunidade de servir condignamente o seu País ou Região, Concelho, Freguesia, etc.! Claro que será aceitável que, a par desse estímulo, seja estabelecido um salário compatível com o cargo a desempenhar, calculado com parcimónia e sem imorais mordomias que afinal poderão descambar em razão principal para alterar o sentido saudável e desejável: Em vez de ser honrado com a indigitação para determinada candidatura, é o “auto-candidato” a colocar-se em bicos de pés para que não fique de fora! E depois… assiste-se ao descalabro que diariamente nos atormenta! Mas, como se verifica, ainda há quem bata palmas a esta inversão! Mera opinião minha (que ressalvo a eventual limitação de entendimento) e que aqui deixo os meus cumprimentos.
Alfredo Louro
Nota: Apesar de não incluído no texto, resolvi acrescentar aqui o texto original a que Alfredo Louro se refere e que vem publicado na edição desta semana do Correio de Azeméis
Bons políticos = Bons salários
Reflectir sobre os salários dos autarcas implica decidir sobre que tipo de autarcas queremos. A opinião do Sr. Albino Martins ilustra o meu argumento.
Pensemos no seguinte cenário: diminuamos o salário dos autarcas em 50%. O povo fica feliz, já que os supostos mandriões (vá lá, então não é o que o povo pensa?) vão receber menos dinheiro.
Uma grande parte dos autarcas que estão agora no poder demitem-se uma vez que podem ganhar mais dinheiro se se dedicarem a outra ocupação – no caso do Sr. Albino, a educação. Quem fica: os tais mandriões, que se se despedirem não têm outra fonte de rendimento – afinal, são mandriões. O povo fica infeliz.
O resultado é claro: diminuir os salários dos autarcas leva aqueles com qualidade a desistir de o ser, ficando apenas os que realmente não têm jeito para esta poda (e possivelmente para mais nenhuma). Se acreditarmos que os salários devem reflectir a produtividade dos trabalhadores, há que ter cuidado com o que se faz ao vencimento dos políticos.
Por mim, quero-os bem pagos.
E que o povo ganhe mas é juízo na hora das eleições.
quarta-feira, novembro 09, 2005
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Deve haver maior frontalidade neste problema. Ter uma democracia de qualidade tem custos. Como ter qualidade, em qualquer actividade na vida, pode custar mais em certo momento. O barato costuma sair caro. Os autarcas, como os políticos em geral, devem ser compensados (não remunerados) pelas funções que exercem. E devem sê-lo com dignidade. Para permitir que ninguém ande na política só pelo dinheiro, mas também para viabilizar aqueles bons e competentes que não deixem de trabalhar na causa pública, só porque não são compensados com dignidade.
ResponderEliminarOs autarcas ganham sufientemente bem. Não me incomoda o que ganham. Acho que são é em número excessivo e não são necessários tantos. Mas o pior é que, em muitos casos, os seus desempenhos são miseráveis. É isso que me incomoda. Pagar, pagar bem, para quem não trabalha bem. É isso que revolta as pessoas.
Mas também não se melhora nem piora esse desempenho por lhes pagar mais ou menos. Deve-se pagar o suficiente para garantir às pessoas vida com dignidade e total disponibilidade e empenho para servir bem a causa pública. Não para que enriqueçam.
O problema é que as pessoas só olham para o problema na ótpica do custo. E como encontram maus políticos, em vez de os mudarem, pelo voto, ou serem exigentes com eles, preferem berrar pelo salário. Se é verdade que, normalmente, atirar dinheiro para cima dos problemas não os resolve, também é certo que pagar menos também nada garante.
Devo confessar que me incomoda mais que o Presidente da CM tenha necessidade de ter um BMW, série 7, topo de gama. A sua função ou a dignidade que lhe está inerente, não o exigem. Acho absurdo. O Presidente de CM deve ter um carro bom e digno, mas não precisa de ser um modelo com tal perfil. Não havia nada mais sóbrio?
ResponderEliminarMuito menos deve ser um carro que nunca pudesse comprar na sua vida particular. Embora saiba que este Presidente deve já ter herdado a viatura do passado (desconheço os antecedentes), estou certo de que dificilmente o poderia adquirar pessoalmente. Nem o salário de Presidente é assim tão generoso.
A vida pública não deve dar aquilo que cada um de nós, na nossa vida particular, não pudesse aceder com simplicidade e por meios próprios e honestos.
Estimado companheiro de blog, Alfredo Louro. 1. Não ponho em causa o que escreve, como também parece concordar com o que digo. Apenas me parece que confunde políticos com funcionários públicos. Uns são eleitos pelos seus pares e devem sujeitar-se às regras democráticas específicas e outros (os funcionários públicos) estão sujeitos a relações laborais regidas por normas próprias (tal como estão os privados, embora normas diferentes). Sem pretender argumentos de autoridade, mas conheço bem este problema, porque tenho de gerir um quadro com os dois tipos de funcionários (públicos e privados).2.Concordo que é mais difícil distinguir o mérito na função pública do que numa empresa privada. Quanto à escolha de gente válida no sector privado, concordo consigo. O problema é que no privado o mérito e as capacidades são afirmados pelo patrão, dono ou o mercado e na política são pelo mercado político, no limite pela oferta e procura eleitoral. Mas olhe que também há muitas grandes organizações privadas que não têm qualquer sistema de definição de mérito e a evolução profissional é feita com base em critérios injustos e ineficientes.3.É verdade que em ambos os sectores nem sempre os mais capazes são os que mais recebem. Mas isto dá para uma tese de doutoramento! 4.A sua proposta de que o eleito devia receber o que receberia no privado, ajustado à sua condição, pode dar para tudo. Para a fraude, mas também para criar situações como a do actual Director Geral dos Impostos, que aceitou o cargo com o salário igual ao que tinha na privada. Como veio de um Banco, hoje recebe 5 vezes mais que o Presidente da República. É coerente. Mas será justo? 5.Quanto às reformas concordo consigo. Quanto à inépcia de muitos dos nossos autarcas, não podia estar mais de acordo. Aliás, o seu comentário remata a minha posição: se calhar mais grave não é o que se paga, mas o tão pouco e mal que muitos fazem com o bom que se lhes paga...
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