segunda-feira, abril 25, 2005

25 de Abril

Cumprem-se 31 anos após o 25 de Abril de 1974. Ainda bem que são muitos os que (já) não sabem o que foi o antes de Abril.
Três décadas, são pouco na vida de um país, mas tanto na vida de cada um de nós. Tinha eu então 8 anos, a caminho dos nove. Não me lembro do dia. Nunca puderei dizer como foi para mim. Estava a milhares de kms., onde só soubemos dias depois, provavelmente. Não havia TV, internet, só as ondas curtas da rádio. Era à volta dele que nos reuníamos.
Tenho lembranças em farrapos, dos sinais do antes: as conversas e sussurros escondidos entre o meu pai, Eládio e o meu avô paterno, Fabiano; os livros escondidos em casa; as palavras proibidas; a expressão maldita, "pide".
Memórias tenho muitas, mas depois: as grandes frases e slogans, a exaltação do fim da guerra, o fascínio dos murais e as misteriosas pinturas nascidas durante a noite, a profusão dos cartazes, as palavras de ordem nas conversas, as barbas fartas, a imagem dos cravos, as grandes conversas e o tom alto das conversas domésticas, as discussões acaloradas. Tudo foi de repente.
Alguém pendurou um grande cartaz, em frente a minha casa: "O Povo Unido Jamais Será Vencido!". Esta será, para sempre, uma das mais estranhas e marcantes frases da minha infância de Abril. Sabe-se lá porquê!

domingo, abril 24, 2005

Sentido de oportunidade

Li a longa entrevista de Ricardo Tavares ao jornal "A Voz de Azeméis" (nº1264, de 21.Abril). Li, porque sou seu amigo e porque me interessou o título da entrevista (supra). A ortodoxia formal do PSD nunca faz as coisas por fazer. Há sempre uma razão.
Decidi então debruçar-me sobre a (extensa...) entrevista do líder do PSD na Assembleia Municipal. Os conteúdos são os mesmos. As cassetes do PSD e da Câmara Municipal, em versão oficial e autorizada. A abordagem da "obra feita", como vem sendo hábito, ilustrada por uma fotografia do que se supõe ser uma estrada. Intransitável.
Ricardo Tavares tem sido um caso único no PSD de Oliveira de Azeméis. Tem tanto de boa pessoa como tem de sentido de obediência e disciplina, embora muitas vezes acrítico, em relação às políticas do seu Partido. Já para não falar dos serviços e congratulações infindáveis com que tem pintado o pano, frequentemente crú e estéril, do trabalho dos executivos do seu Partido.
Faz com fé e convicção. Mesmo quando só ele próprio parece acreditar naquilo que diz. Mas, verdade se releve, o PSD não tem ninguém como ele, nem com a sua utilidade.
A entrevista, no entanto, vale pelo seu título, em primeira página: "SENTIDO DE OPORTUNIDADE". Neste caso, em dobro.
Primeiro, porque é uma entrevista de estabilidade e união, que sai a público no dia em que o PS tem eleições internas, com duas listas em oposição directa.
Segundo, pela oportunidade em dar rosto e voz a um (novo) itinerário na vida política de Ricardo Tavares dentro do PSD local.
Será assim, ou foi apenas um pequeno erro de "casting" e alinhamento, tolerado pela máquina política do PSD?

sábado, abril 23, 2005

Nós sabemos...

Nós sabemos quem são: sabemos onde estão, o que fazem, como fazem, com que meios e para quem trabalham. Há muito que sabemos. Propositadamente, temos estado calados.

quinta-feira, abril 14, 2005

Assimetrias Regionais dão que pensar?

Excerto de um Estudo sobre Assimetrias Regionais...

De acordo com o INE, entre 1995 e 2002, agravaram-se significativamente as assimetrias regionais em Portugal. Neste período, a riqueza criada no nosso País (PIB) aumentou em 47.507 milhões de euros. Deste acréscimo de riqueza, à região Norte, com 35,3% da população, coube apenas 25,6%; à região Centro, com 17,3% da população, coube somente 14,3%; à região de Lisboa e Vale do Tejo, com 33,5% da população do País, que já era a região mais desenvolvida, ficou com 46% do acréscimo da riqueza; ao Alentejo, com 5,1% da população, coube apenas 3,8% do acréscimo de riqueza; ao Algarve, com 3,8% da população, ficou com 4,9% do acréscimo de riqueza; ao Açores, com 2,6% da população coube somente 2,1% do acréscimo de riqueza e, finalmente, à região da Madeira, com 2,4% da população, ficou com 3,3% do acréscimo da riqueza verificado no período 1995-2002.

Como consequência desta repartição desigual do aumento do PIB entre 1995 e 2002, a parte da riqueza criada no País (PIB) que cabia à região Norte diminuiu de 30,1% para 28,4%; à região Centro manteve-se praticamente a mesma pois passou de 14,1% para 14,2%; à região de Lisboa e Vale do Tejo aumentou ainda mais de 43,7% para 44,5%; à região do Alentejo desceu de 4,4% para 4,2%; à região do Algarve aumentou de 3,5% para 4%; `a região dos Açores praticamente estagnou pois passou de 1,8 para 1,9% e à região da Madeira aumentou de 2,4% para 2,7% do PIB do País.

Vale a pena discutir???

terça-feira, abril 12, 2005

Assembleia Municipal no Guiness Book

Conforme prometido, aqui estou a descrever e a justificar o meu sentido de voto nas temáticas em discussão na Assembleia Municipal.

Assim, em pouco mais de 10 minutos, foram tratados 8 pontos da ordem de trabalhos de uma Assembleia Municipal Extraordinária, que decorreu no Salão dos Bombeiros.
Dos oito pontos a discutir, apenas um (e outro por consequência), merecia alguma discussão. Os os restantes tiveram o meu aval por se tratarem de meras formalizações, desde posturas de trânsito, protocolos com instituições, etc...

O ponto da discórdia e que foi a justificação desta reunião magna do deliberativo municipal prendia-se com o pedido de autorização para a contratação de mais um empréstimo, desta vez na ordem do milhão e trezentos mil euros para fazer face a investimentos do Plano Plurianual da CM. Tal empréstimo mereceu a minha abstenção pois se por um lado não devemos limitar o investimento, por outro, o endividamento camarário já vai acima dos limites do razoável, na perspectiva do velho ditado - "quem vier a seguir que feche a porta" - pois mais uma vez temos um período de carência de 5 anos e um prazo de pagamento de 20 anos.

Duas notas:
- A próxima assembleia municipal, a decorrer ainda este mês irá mostrar-nos a "verdadeira" situação económica da autarquia, pelo que haverá mais dados para discutir;
- A realização desta Assembleia Municipal custou ao erário público cerca de 3500 € em senhas de presença (que eu discordo) para os seus membros, só se justificando pela urgência na obtenção deste empréstimo para fazer face a agonia financeira do Município.

segunda-feira, abril 11, 2005

Os alinhados

Finou-se mais um Congresso do PSD. Luís Marques Mendes é o novo Presidente. Viva o Presidente. Mas não se sabe se ganhou o Congresso. Entrou com uma maioria esmagadora (80%/20%), saíu a ganhar por uma fresta da janela (55%/45%).
Assisti pouco a este congresso do PSD. Costumo dedicar-me mais a ver estes Congressos. Fico com pena de já não terem o entusiasmo de outros tempos. Falta-lhes "sal & pimenta". Falta-lhes em emoção o que sobra em razão. Ali, ainda se vive nessa fase. Já é raro no espectro partidário.
O PSD oliveirense, segundo consta, apoiou o Dr. Marques Mendes. Já era esperado. Marques Mendes fez tudo por eles. Basta lembrar a última campanha eleitoral no concelho e no distrito.
Há, contudo, um elemento interessante no PSD oliveirense. Há um alinhamento táctico do PSD oliveirense, sempre ao lado dos vencedores dos Congressos. Oportunismo? Seguidismo? Talvez não.
Rapei aqui dos meus arquivos e reparei que o PSD oliveirense é o exemplo do quase completo alinhamento com as lideranças nacionais. Apoiaram sempre Cavaco Silva (contra Cavaco Silva), depois Fernando Nogueira (contra Durão e Santana), estiveram então com Marcelo Rebelo de Sousa (contra Jesus Cristo), novamente com Marcelo (contra a maioria simples), depois Durão Barroso (contra Santana e Marques Mendes), depois apoiaram Santana (contra o destino) e agora, finalmente, alinharam com Marques Mendes (contra Menezes).
É caso para dizer: querem saber quem ganha o próximo Congresso do PSD? É simples, vejam quem apoia o PSD de Oliveira de Azeméis. Está aí a resposta.